sábado, 9 de maio de 2009

Os Anzóis na Pesca

Os Anzóis na Pesca

Um dos factores que maior incidência tem nos resultados da pesca desportiva é a correcta eleição do anzol a utilizar. O Anzol é a ligação final que nos permite capturar o peixe, se for escolhido arbitrariamente podemos não obter os resultados pretendidos já que pode alterar a apresentação da isca. A nossa iscada deve por conseguinte ter o máximo de liberdade e reagir ás correntes e às vagas com a maior ligeireza e naturalidade possível. Além disso, a forma e o tipo de anzol deve corresponder ao tipo isca utilizada. Todos estes factores têm que ter alguma base de conhecimento que vamos partilhar aqui de forma simples.

Anatomia do Anzol

Falemos das partes de um anzol

O Olhal: É por onde a linha é atada ou, por onde esta passa ou para atar à haste. O olhal do anzol pode ser de diferentes tipos, nomeadamente pode ser do tipo patilha, muito nosso conhecido ou argola. Parece não influir na pesca mas tem a sua influência, já que leva o anzol a ter diferentes apresentações na água. Os anzóis que nós utilizamos com o olhal para cima (direito em relação à haste) tendem a manterem-se direitos quando descem na coluna de água. Os com olhal inclinado tendem a ir inclinados para cima. Muitas vezes isto não influi no toque, mas sim na subtil deslocação do anzol na água. Ao empatarmos um anzol de olhal de argola, qualquer que seja a sua posição, devemos sempre fazer sair a linha por dentro desta.

A Haste: Tem uma função específica e importante e dividem-se em três grandes grupos. Haste curta, standard e longa. É lógico que ao iscarmos um anzol de haste longa conseguimos colocar uma maior quantidade de isca no anzol do que num de haste curta. A haste longa também evita que os dentes da presa cortem a linha.
Há anzóis que têm pequenas farpas na haste que servem para “prender” o isco à haste e aumentar a eficácia da ferragem do peixe. Logicamente são mais difíceis de tirar na hora de querermos soltar o peixe.

A Curvatura: É a parte do anzol onde é efectuada a maior força quando ferramos um peixe. Existem diferentes curvaturas em função do tipo de boca do peixe e à sua forma de comer.

A Abertura: Tem a ver directamente com a espécie que queiramos pescar e o tamanho de sua boca e também a forma de comer.

A Ponta: Quando o bico dos anzóis não serve por não estar devidamente afiado ou não ser o correcto o mais provável será que não sintamos o toque. Existem vários tipos de bico: Tipo agulha, agulha com barbela, com micro barbela, sem barbela, bico torcido etc.
Devemos sempre ter os bicos dos nossos anzóis bem afiados e escolher o que mais se adapte à espécie que estamos a procurar.
Existem barbelas de diferentes tamanhos. Quanto mais pequena for a Barbela, maior deverá ser o bico.

Existe uma diversidade de modelos tão ampla, que fazem duvidar o mais experimentado. Por isso dar-lhe-ei aqui umas noções básicas para que não cometa muitos erros.

Na escolha dos anzóis, o que primeiro se deverá pensar é:
- Quais são as espécies possíveis de encontrar no local de pesca.
- Depois terá de fazer um cálculo do tamanho e o peso médio das espécies que pensa capturar
- Por último que isco vai utilizar.
Se conseguiu obter resposta para estas interrogações então já está a meio caminho de escolher o anzol correcto. Lembre-se que nem sempre, a peixe grande corresponde anzol grande, já que há espécies que possuem uma boca pequena em proporção ao corpo.
O comprimento da haste do anzol tem relação com a iscada a utilizar, por exemplo se colocamos um filete de sardinha, logicamente precisaremos um anzol longo, se vamos iscar outro pedaço de isca menor (caranguejo, ameijoa, etc.,) precisaremos de um anzol proporcional ao seu tamanho incluindo a "abertura"e a "curva" do mesmo.
Os anzóis têm formas diferentes, dependendo da maneira como se alimentam as espécies. Nunca devemos esquecer que eles são parte importante dentro da arte de simular um alimento para o peixe. A prática irá levar-nos a optar pelos nossos preferidos de acordo com os resultados obtidos.

Sabemos que é difícil obtermos a iscada perfeita, no entanto sabemos também que esta deve apresentar-se e comportar-se o mais natural possível, devendo da nossa parte respeitar alguns preceitos técnicos básicos, do binómio anzol/isco, para que isso aconteça.

Quais os anzóis que são necessários para iscar os vermes?

Os vermes são apreciados por numerosas espécies de peixes. Na maioria dos casos são utilizados para mar calmo, mas nem sempre. A escolha do anzol varia por conseguinte em função das condições que este se encontra. O ponto comum à maioria dos vermes é a maneira como ele é iscado no anzol: em geral, enfia-se através de uma agulha. É necessário por conseguinte que o anzol possa deixar facilmente passar o corpo, às vezes frágil, do animal. A espécie de verme escolhida determina por conseguinte o tipo de anzol a utilizar: Com patilha (empatado por uma ligação) ou com argola (empatado por um nó). Os anzóis com patilha são aconselhados para os vermes de pequeno diâmetro (coreano, teagem e outros). Empatados de maneira correcta estes anzóis permitem enfiar os vermes sem os danificar, devendo aqui ser utilizado o empate para anelídeos, em que as duas pontas da linha de empate saem para o mesmo lado e no sentido do Olhal. Nos anzóis com argola devem ser utilizados apenas os vermes grossos e grandes como os arenicolas, no entanto é necessário escolher uns que tenham umas argolas pequenas, como pode ser o caso dos anzóis chamados Aberdeen.

Resta de seguida determinar a forma do anzol a utilizar. Terá a escolher entre dois tipos distintos de forma: Os anzóis direitos e os anzóis curvados.
Os primeiros possuem uma ponta situada perfeitamente no eixo da haste. Em geral são aconselhados para montagens com anzóis que devam evoluir a meia água. Os segundos possuem uma ponta desalinhada com o eixo da haste. Esta concepção permite ao anzol girar na boca do peixe. São mais eficazes para todas as pescas que impliquem uma apresentação do isco directamente no fundo.

Façamos aqui um aparte sobre os anzóis Aberdeen, ou anzóis de haste longa, dos quais já falamos previamente. Estes modelos possuem uma haste mais longa que o normal. Vêm equipados exclusivamente com argolas. Eles são indicados por conseguinte para os vermes de bom diâmetro e prestarão uma ajuda não negligenciável com mar forte.

Quais os anzóis que são necessários para iscar os mariscos?

Os mariscos oferecem volumes de iscadas claramente mais consequentes que os vermes. Os toques são mais abundantes e podem colocar sérios problemas de ferragem, quando o bico do anzol está tapado em demasia. A regra básica é por conseguinte escolher anzóis cujo tamanho entre o bico e a haste seja o mais adequado possível com o isco, para que o bico do anzol fique de fora. A este respeito, é necessário aqui frisar que o bico do anzol deve ficar completamente liberto, já que não é ele que vai assustar o peixe.
Não hesitem em usar anzóis de forte constituição. Os anzóis aconselhados para os mariscos são geralmente modelos de argola. Escolham formas com curvaturas tipo “Chinu” ou” Round” com hastes curtas mas resistentes, porque os mariscos são frequentemente apreciados por peixes grandes. Uns anzóis também utilizados são os Octopus. São curtos, sólidos e possuem uma boa distância entre o bico e a haste. Para todas as iscadas de marisco, é muito importante o uso do fio elástico. O fio elástico é quase invisível e aperta o isco sobre os anzóis, evitando que a isca se solte com o lançamento ou que não seja tirada pelos pequenos peixes.

Quais anzóis que são necessários para iscar outros iscos?

Os iscos carnudos são muito diferentes uns dos outros. Por exemplo, caranguejos, camarões e iscos vivos têm todas as suas particularidades. Convém por conseguinte escolher o anzol em função do isco seleccionado. Sempre que utilizarem um isco vivo, devem preocupar-se em escolher uns anzóis o mais ligeiros que possível atendendo a que, ao iscá-lo devem fazê-lo sem impedir uma boa natação ao nosso isco. Descubram quais os anzóis a empregar e como iscar alguns iscos carnudos mais correntes:
Iscar caranguejos: O caranguejo apresenta-se inteiro e vivo ou cortado em dois bocados ou mais, dependendo do seu tamanho. O primeiro método necessita anzóis curtos e redondos, de patilha ou argola. Escolham anzóis de tamanho adequado. Para isso, tenham em atenção que o bico não esteja afastado mais do que um milímetro da carapaça do animal, pois temos de ter em conta o lançamento. Para um caranguejo cortado aos bocados, enfiar o anzol no pedaço de caranguejo e seguidamente atá-lo com algumas voltas de fio elástico.

Iscar camarões. A qualidade essencial de um anzol para iscar camarão é a ligeireza. Para este tipo de isco a iscada faz-se pela cauda. Devem ser escolhidos os modelos de carbono. Um anzol de patilha e mais ligeiro é adequado. A forma é preferivelmente direita, o anzol que não deve apresentar a ponta descentrada, torcida. Enfiar o camarão pelo segundo ou o terceiro anel da cauda.

Iscar isco vivo. O isco vivo não é sedutor se não estiver bem vivo e vigoroso. Existem diversas formas de iscar um isco vivo, vamos no entanto propor dois métodos diferentes para apresentar um isco vivo, onde a ligeireza do anzol volta a ser importante. Especialmente porque procuramos peixe de maior dimensão, os anzóis devem ser sólidos. A primeira técnica (de longe conhecida) é iscar o peixe pelo rabo ou pela boca. Iscá-lo pela boca é uma má solução, porque isso impede o peixe vivo de se oxigenar. A melhor solução será por conseguinte iscá-lo pelo rabo. O anzol deve ser espetado sob a barbatana dorsal de rabo. Escolham um anzol de tipo Octopus e certifiquem-se de escolher um com tamanho que permita deixar a sua ponta livre. A segunda técnica consiste a amarrar um pedaço de fio passando nas narinas do peixe. Este pedaço de fio é unido seguidamente ao anzol. Este método é de longe mais eficaz, porque não traumatiza o isco vivo e dá-lhe toda a liberdade que ele tem necessidade.
Os anzóis aconselhados para este tipo de montagem são o circle hook. São reconhecíveis pela sua forma circular. A sua ponta encontra-se virada acentuadamente para a curvatura. São concebidos precisamente para este tipo de utilização. O isco vivo é ligado à argola do anzol, ficando então totalmente livre na frente do focinho do peixe. Com tal montagem, asseguramos à nossa isca viva total autonomia e uma eficácia temível.

Contrariamente ao que se julga crer, o pescador em surfcasting não tem necessidade de um elevado do número de referências de anzóis Três ou quatro formas em dimensões diferentes levam-nos a ter no máximo uma quinzena de modelos, sendo por conseguinte, pouco dispendiosos e fáceis de ter uma amostragem completa de anzóis.

Conselhos (Senso comum)

A escolha e a manutenção

Os anzóis devem ser objecto de todas as atenções. Não negligenciem nunca este acessório. Um erro na escolha pode conduzi-los a sérios problemas e grandes decepções. Escolham sempre o anzol que corresponde melhor ao tipo de iscada seleccionado, à sua forma, ao seu volume e ao comportamento que espera dessa iscada. Todos os iscos vivos necessitam anzóis ligeiros, tomem um cuidado especial a verificar a densidade/espessura dos vossos anzóis aquando das vossas compras. É também necessário verificar regularmente estado dos que tem em stock. Para evitar que sofram demasiado com a corrosão, devem colocar, por exemplo, alguns grãos de arroz nas vossas caixas. O arroz absorve a humidade e preserva duravelmente o vosso investimento. O mesmo cuidado de observação para os bicos. Saibam que se o bico for quimicamente afiado os anzóis picam melhor e ferram mais rapidamente Os modernos anzóis de carbono, não deveriam ser utilizados mais do que duas vezes, no máximo, mas todos sabemos que são utilizados mais vezes, por questões económicas. Tomem por conseguinte o cuidado de verificar sistematicamente a ponta de um anzol (bico e farpa) que já tenha sido utilizado.
Uma má escolha do anzol pode fazer-vos falhar a captura de um bom peixe por várias razões. Demasiado pequeno, o anzol não é suficiente para a iscada, não deixando o bico liberto suficientemente para a ferragem. Demasiado grande, pode não caber na boca do peixe. Demasiado fino, o nosso anzol pode abrir-se durante o combate ou partir-se quando o peixe o morder. Demasiado grosso, pode dar à nossa iscada um aspecto pesado, pouco natural. Certos peixes como o Robalo ou a Dourada são muito sensíveis à apresentação e ao comportamento das iscadas podendo rejeitá-las imediatamente. Um anzol quando perde o seu bico afiado, traz-nos inevitavelmente problemas de ferragem. Sejamos por conseguinte intransigentes quanto à qualidade e à escolha dos nossos anzóis; Eles são o pilar final da nossa estratégia!

Exemplo de uma selecção de anzois vs iscadas:

– Anzol Octopus (dimensões 1, 2/0 e 4/0); mariscos, isco vivo, pedaços de peixe e cefalópodes.
– Anzol Direito (dimensões 6, 4, 2 e 1); vermes pequenos e /ou finos, camarões pequenos isco vivo.
– Anzol Aberdeen (dimensões 4, 2 e 1/0): vermes grandes, pequenos mariscos tipo ameijoas, mexilhão, etc.
– Anzol Redondo (dimensões 4, 2, 1, 1/0 e 2/0); caranguejos, vermes médios e grossos.
– Anzol Circle Hook (dimensões 1/0, 2/0, 4/0); iscos vivos.

Boas pescarias!

Paulo karva

domingo, 14 de dezembro de 2008

Linhas de pesca - 1ª parte

As Linhas de Pesca

As primeiras linhas realmente finas, resistentes e mais ou menos transparentes que se utilizaram foram chamadas de fios de “seda”, receberam este nome por serem extraídas dos casulos dos bichos das seda. Até então eram usadas uma espécie de “fios de corda”, digamos assim, que devido à sua grossura, se pareciam mais com “cordões”.

A descoberta do fio de “seda” foi um grande avanço para as linhas de pesca, a tal ponto que ainda hoje se confunde o termo seda com os actuais nylons, que nada têm a ver com o antigo e autêntico fio de seda.

As linhas de pesca são, sem lugar para dúvidas, um dos acessórios mais importantes para o pescador e tem vindo a sofrer um processo de evolução ao longo dos tempos, fruto de avançadas pesquisas efectuadas nestes últimos 40 anos, resultando daí o aparecimento de materiais sintéticos de alta resistência e elasticidade, entre outras características. Assim sugiram as fibras monofiladas (o nylon, a poliamida e o polyester) e em seguida, as de fibras sintéticas microfilamentadas (Kevlar, Dyneema e Spectra), que são microfilamentos trançados.

Por força da política de marketing dos fabricantes e também por culpa dos pescadores, as linhas de pesca são como um parente pobre do nosso equipamento, onde se tenta poupar algum dinheiro abdicando de alguma qualidade em favor do último modelo de cana ou de carreto. Esquecemo-nos da sua importância como único elemento do nosso equipamento que nos liga à nossa captura.

O conjunto cana/carreto mais cara do mundo, não serão um grande investimento, se na hora da verdade, a linha ou o anzol falharem na sua missão de trazer-nos o tal troféu à muito desejado.

Para que a escolha de uma linha com qualidade não seja efectuada através do método de prova e erro - tantas vezes por nós utilizado e com algumas perdas de alguns peixes pelo meio - tentaremos apresentar com este tema e trazer ao vosso conhecimento, algumas características e propriedades gerais das linhas, de maneira simples, de tal forma que a próxima vez que formos comprar uma linha possamos efectuar uma boa compra.

Não nos podemos esquecer de que as indicações existentes na rotulagem efectuada por muitos fabricantes ou importadores não correspondem ás verdadeiras características das linhas, no entanto poderemos tomá-las como mera referência, não esquecendo também de que já existem no mercado uma grande quantidade de marcas com linhas certificadas.
(http://www.eftta.com/)

Neste contexto e sem entrarmos na especificidade dos diferentes tipos de pesca existente, optou-se por abordarmos este tema falando sobre dois tipos de linha de pesca:

Monofilamento, linha de nylon ou outros polímeros de uma só fibra.

Multifilamento, linha trançada a partir de várias fibras de Polyethylene.

Monofilamento

A História

Num período da história conhecido como o do “Terror”, durante a Revolução Francesa, quando quase toda a nobreza estava condenada à guilhotina, O Visconde DuPont de Nemours, um abastado banqueiro, fugiu para os Estados Unidos com todo o seu capital. A sua família organizou-se e centrou os seus negócios na fabricação de explosivos, sobretudo pólvora.
Em 1920, Dupont mudou todos os seus negócios para o sector têxtil, tendo criado um grupo de pesquisa ao qual se juntou Wallace Hume Carothers.
Este grupo e as suas pesquisas na Dupont, tiveram os seus primeiros sucessos em 1930 quando sintetizaram uma matéria designada de polychloroprene, onde fizeram a sua estreia no mercado com a designação de Duprene, tendo em 1936 ficado conhecido por Neoprene A primeira e a mais velha borracha sintética conhecida e que ainda tantas aplicações tem.

Em 1938 os laboratórios DuPont produziram uma fibra sintética forte e elástica a que chamaram nylon que substituiria por completo a linha de pesca composta por seda, lã e algodão.
Esperava-se que tivesse um grande êxito nas duas cidades Nova York (Ny) e Londres (Lon), e em honra a elas deram o nome à fibra (Nylon).

O nylon é obtido em diferentes combinações de diaminas com ácidos dicarboxílicos, sendo comuns a reacção de hexametilendiamina com o ácido adípico ou com o cloreto de adipoíla, para o nylon "6,6" (estes números referem-se ao número de carbonos de cada um de seus constituintes), e com o ácido sebácico ou o dicloreto de ácido sebácico, alternativamente para obter o nylon "6,10", entre outras variações

Os primeiros monofilamentos eram grossos, frágeis e rígidos, quase impossíveis de manejar em acção de pesca mas como qualquer nova invenção foi-se melhorando e aperfeiçoando até ao que conhecemos hoje em dia.

As Características

O Monofilamento é a linha mais utilizada e as suas características principais são:
· Memória
· Elasticidade
· Resistência
· Relação diâmetro-resistência
· Suavidade
· Cor

Memória:
É a capacidade do nylon de recuperar sua forma recta depois de sair de um carreto. Ao armazenar uma linha numa bobine, esta tende a adoptar uma forma cilíndrica, o problema radica em que algumas linhas retêm a forma de espiras durante muito tempo após ter sido lançada. A memória é pois, o fenómeno pelo qual a linha "recorda" a forma cilíndrica da bobine onde está colocada. Todas as linhas de monofilamento apresentam memória em maior ou menor medida, pelo que sempre será importante seleccionar uma linha que apresente a menor quantidade possível. Como mencionado acima, geralmente a memória é directamente proporcional à macieza da linha. Quanta mais memória presente na linha, maiores serão os problemas que causa, como problemas no lançamento, os nefastos "ninhos", pouco controle sobre a acção das amostras e falhas durante o ferrar.

Elasticidade:
A elasticidade é a propriedade que o monofilamento possui em esticar-se. Quanto mais elástica seja a linha, maior será a influência na sua capacidade de ferrar ou manejar o peixe e as suas " corridas bruscas”. Também demasiada elasticidade produz pouca força para a ferragem e pode provocar a fractura da linha durante uma corrida brusca. Um fio demasiado elástico impediriá de cravar correctamente o anzol devido à amortização que produz.
O ideal é ter um índice de elasticidade médio, 20 a 30%, ajudará a cravar bem e a manter o anzol na boca dos peixes. De facto, a maior parte das rupturas, dá-se precisamente durante este tipo de respostas. O uso deste tipo de linhas é muito recomendado para os menos experientes na pesca, porque são ajudadas sem se dar conta, pelo contrário, com um nylon pouco elástico há que ser muito rápido e trabalhar bem a embraiagem do carreto para compensar a ausência de elasticidade e evitar perder as capturas, situação que requer já alguma experiência de pesca.

Resistência:
Resistência é a capacidade máxima de suporte de peso de uma linha e normalmente vem expressa em kilogramas ou libras. Cada libra corresponde a 453 gramas.
É a resistência à tracção, quer dizer, quando nós pegamos numa linha de cuja resistência seja de 9 quilogramas, de acordo com o fabricante, isto significa que ao usarmos um dinamómetro, teria que partir ao chegar aos 9 kilogramas da força e não antes.

Infelizmente nem todos os fabricantes são honestos nestes dados. No caso do fio de nylon, dada a sua elasticidade, estes dados são para uma tracção progressiva e não param uma tracção repentina, onde a sua resistência é menor. Isto explica que as baixadas da linha para as espécies grandes são de uma espessura e de uma resistência maiores do que o resto da linha, dado que o peixe nos últimos metros quando nos tem á vista, emprega toda sua força para tentar fugir dando uns esticões fortes que poderiam partir a linha.
Outra característica importante que devemos de ter em atenção é a deteorização da linha, isto é a resistência à abrasão, ao desgaste por roçar nos fundos, ás anilhas da cana, à acção do sol e da água salgada, etc.Também aqui não temos nenhuma indicação do fabricante e não temos outro remédio senão confiar no vendedor ou nalgum amigo que tenha experimentado a linha ou em definitivo confiarmos na nossa experiência. Muitas pessoas pensão que a resistência da linha deve ser pelo menos igual ao peso do peixe que se pretende capturar e isto é um erro dado que os peixes no seu meio aquático pesam em média um terço do seu peso fora da água. Consequentemente nós podemos usar linhas da resistência menor e de uma maior capacidade de linha no carreto. No entanto nós devemos ser conscienciosos e não facilitar muito já que um peixe de 2 quilogramas, na luta pode exercer com uma força perto dos 10 quilogramas. Não quer dizer isto também, que a linha tem de ter tanta resistência, pois temos que contar com embraiagem do carreto e com habilidade do pescador para capturar o peixe sem chegar a partir a linha. Relação diâmetro-resistência: O Diâmetro é simplesmente a medida de uma secção de linha. A linha é um grande cilindro de muito comprimento e um diâmetro mínimo. Nas linhas, o diâmentro aparece geralmente em milímetros. Se temos que lançar longe ou carregar muita linha, deveremos escolher o mínimo diâmetro, se estas necessidades não são tão prioritárias, poderemos incrementar a grossura para ganhar em comodidade e segurança de uso. A resistência de uma linha, como já vimos, expressa-se na quantidade ou número de kg ou libras (0.454 g) que uma linha pode "suportar" antes de se partir.

Quando o rótulo indica que a linha é de 10 kg, por exemplo, significa que esta deve suportar AO MENOS 10 Kg, mas o problema radica em que numerosas provas de laboratório, demonstraram que a grande maioria das linhas do mercado na realidade resistem um pouco menos do que o rótulo indica.
Também há que recordar que a resistência da linha é maior quando esta em seco do que quando está "húmida" e que o monofilamento pouco a pouco vai absorvendo humidade tanto do ar como do água e quando se satura, perde entre o 10% e o 15% de sua resistência original.
Em linhas do mesmo tipo, o maior diâmetro proporcionará uma maior resistência, ou seja, aguentará um maior peso. No entanto, não é na resistência ao peso que devemos pensar na hora de optar por uma linha de maior diâmetro e sim na sua resistência ao desgaste, que também tem relação directa com a medida. Quanto mais grossa for a linha, maior será sua resistência ao desgaste. É necessário prevenir quanto a isto no caso de pescas realizadas em locais onde a linha poderá sofrer atrito com pedras e outros obstáculos.

Suavidade:
Algumas linhas são mais flexíveis que outras, ou de outra maneira, podem-se dobrar e manusear com mais facilidade devido à sua macieza. Em geral, uma linha suave, resulta vantajosa devido a ser mais fácil de lançar e produz movimentos mais realista quando se utiliza amostras. Por outro lado as linhas mais duras tendem a apresentar mais memória (ver acima) e alterar o movimento das amostras mais ligeiras, sendo também a causa do efeito de chicotear na ponta das canas, sobretudo nas canas de acção lenta, reduzem a distância de lançamento, além de outros efeitos indesejáveis. Por outro lado, uma linha demasiado suave, será também demasiado elástica, apresentando os mesmos problemas atrás mencionados.

Cor:
Este tema, é causa de verdadeiro debate pois para alguns tem uma importância vital, enquanto para outros nem por isso. As cores mais comuns são o transparente, branco, azul, verde e cinza, numa grande gama de tons. Na verdade, em certas condições, a cor da linha pode influir na sua visibilidade debaixo de água, pelo que muitos pescadores tentam utilizar linhas de uma cor similar à da água onde estão a pescar. Por outro lado existem cores mais luminosas ou fosforescentes que servem para o pescador ver melhor as linhas com o tempo em más condições ou de noite. Julgo que a cor não deve ser um factor determinante para adquirir uma linha, deverá ser dada maior importância à sua resistência e ã proteção aos raios ultravioleta (UV).

Os Factores de Deterioração

Vejamos quais os factores que mais influenciam a deterioração da linha e aos quais devemos periodicamente dar atenção, para manter o nosso equipamento em boas condições e não termos uma má surpresa.

- Luz Solar
- Calor
- Água
- Olhal ou pata do anzol
- Nós acidentais
- Rasgos, golpes e compressões
- Torceduras
- Partes do carreto danificadas
- Anilhas da cana deterioradas
- Enrolamento inadequado
- Nós fracos ou incorrectamente atados

- A luz solar e os raios ultravioleta, afectam os polímeros (nylon), deixando-os quebradiços ao causar uma espécie de cristalização das moléculas que formam o monofilamento.

- O calor debilita a linha, deteriorando lentamente a estrutura do material polimérico do monofilamento, que pode partir por fricção, durante uma corrida veloz de um peixe grande.

- A água, a húmidade e especialmente a água salada que ao secar produz cristalizações.

- O olhal/pata do anzol ou a sua zona de empate (haste), por oxidação ou descamação dos esmaltes ou cromados, podem cortar a linha.

- Nós acidentais que aparecem e que acabam por apertar debilitando a linha.

- Rasgos, golpes e compressões que podem desfiar ou diminuir a secção da linha fragilizando-a.

- Torceduras, o retorcimento da linha também pode deteriorá-la, sabendo-se que quanto maior for o ratio maior poderá ser o número de torceduras por cada volta que se dá á manivela.

- Partes do carreto danificadas ou desgastadas, podem debilitá-la pela alta fricção que produzem.
- Anilhas da cana deterioradas ou em mau estado, podem produzir rasgos.

- Enrolamento inadequado na bobine do carreto, pode estar a linha demasiado apertada e por tanto comprimida, ou retorcida ao não ser bem rebobinada. Às vezes a forte tensão de recolha durante uma luta, a humidade acumulada, as diferenças de temperatura, fazem que as espirais mais profundas, as mais próximas ao eixo da bobine do carreto, se estrangulem por aprisionamento. É curioso que isto não o notemos até que não sacamos todo o fio da bobine, mas surpreender-nos-ia se o fizéssemos com frequência, ao ver com que facilidade se produz.

- Os nós fracos ou incorrectactamente atados causam sérios problemas. por isso devemos verificá-los com frequência, assegurando-nos de seu bom estado.

Dependendo da frequência das idas à pesca deveremos substituir as linhas de Monofilamento depois de uma ou duas temporadas de pesca.

Considerações

O mais importante que deveremos ter em conta na hora de escolher uma linha é, na minha opinião sua resistência(carga de rotura). Esta não se mede, como muitos pensam, pelo diâmetro da linha, o qual varia em função da marca (fabricante) e qualidade de material. Devido a este facto e com o fim de regular de alguma maneira as diferenças existentes entre as muitas linhas existentes no mercado, a IGFA (International Game Fish Association) estabeleceu um critério lógico baseado na capacidade da linha em função da carga de rotura. Esta capacidade determina a força que um peixe lhe pode opor quando pescado. É nisso que se baseia e representa para a IGFA a intensidade de uma luta e portanto, o mérito da captura.
Fazendo justo ao marketing muitas das marcas anunciam valores, para uma mesma resistência, embora as linhas tenham diferentes diâmetros, gerando-se a confusão e até alguma polémica. Para que houvesse um critério compreensível e justo dentro deste sistema e para que de certa forma os sistemas métricos diferentes existentes, não constituíssem um problema, a IGFA criou um critério de valores da resistência a nível mundial, respectivamente quanto ao Sistema Métrico /Sistema Inglês/Resistência :

1 kg. = 2.20 libras = 2 libras
2 kg. = 4.40 libras = 4 libras
3 kg. = 6.61 libras = 6 libras
4 kg. = 8.81 libras = 8 libras
6 kg. =13.22 libras =13 libras
8 kg. =17.63 libras =17 libras
10 kg. =22.04 libras=20 libras
15 kg. =33.06 libras =30 libras
24 kg. =52.91 libras =50 libras
37 kg. =81.57 libras =80 libras
60 kg. =132.27 libras =130 libras

A medida máxima permitida pela IGFA para a pesca desportiva é de 130 libras/60kg enquanto a medida mínima que se comercializa é de 2 libras/1kg de resistência.
Na nossa escolha deveremos ter em conta que quanto menor seja a resistência da linha, a sua grossura também diminuirá e consequentemente, será menos visível para o peixe.
Não devemos esquecer que uma linha fina pesa menos que outra de diâmetro maior e que oferece uma acção mais macia, permitindo que a isca se mova na água de maneira mais natural, por isso e tendo em conta que as iscas que utilizamos têm um peso específico, consideraremos que uma linha mais grossa oferecerá mais segurança mas pouca naturalidade. Na nossa escolha, temos de ter em conta o seguinte quadro de resistências:

0.10 mm = 0,8 kg
0.12 mm = 1,1 kg
0.15 mm = 1,6 kg
0.18 mm = 2,2 kg
0.20 mm = 2,8 kg
0.22 mm = 3,2 kg
0.25 mm = 4,1 kg
0.30 mm = 5,8 kg
0.35 mm = 7,9 kg
0.40 mm = 10 kg
0.45 mm = 12 kg
0.50 mm = 15 kg
0.60 mm = 21 kg

Como a escolha de uma linha de pesca, com a resistência ideal, não é tarefa fácil, senão mesmo impossível, atendendo às diferentes condições que poderemos encontrar, poderemos seguir um princípio que nos pode ajudar: Escolher sempre uma linha cuja resistência seja o dobro do peso das espécies que esperamos capturar.



Continua...


Paulo karva

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Linhas de pesca - 2ª parte

Multifilamento

A linha de pesca trançada tem sido utilizada por pescadores profissionais e pescadores de alto mar nos últimos tempos e é fabricada a partir de fibra de polyester (Dacron). O peso específico desta fibra (Dracon) é mais elevada que a da água, absorvendo-a por isso, pelo que esta linha pode afundar. Em meados da década de 90, surgiu uma alternativa no mercado. Tratou-se de um novo tipo de fibra com o nome de Dyneema ou Spectra. O sucesso desta fibra sintética de Polyethylene, foi estrondoso.

Dyneema é uma fibra HMPE (High Modulus PolyEthylene/Alto Modulo polyethylene) feita a partir de UHMWPE(Ultra High Molecular Weight Polyethylene/ Ultra-alto peso molecular).

A teoria básica sobre a forma das fibras de Polyethylene já estava disponível nos anos trinta. Demorou quase meio século de alto desempenho para produzir as fibras de Polyethylene(HPPE)...

Em 1979, a DSM inventou e patenteou esta fibra e um processo de tecelagem de produzi-la, através do chamado gel de fiação. Este material é fabricado e comercializado a nível Mundial desde 1990:

- Pela DSM High Performance Fibers BV, ( na sua fábrica em Heerlen na Holanda) que é proprietária da patente e que produz Dyneema (utilizada pelas conhecidas marcas, Whiplash, FireLine, Herculine, etc.).

- Pela Honeywell Performance Fibers (dantes AlliedSignal, Inc.), quem tem uma licença de DSM para produzir com o mesmo material fibras de Spectra (utilizada pejas conhecidas marcas, PowerPro, SpiderLine, etc.).

- Pela companhia japonesa, Toyobo Co. LTD, que associada com a DSM e sob licença desta, produz também fibras de Dyneema para o mercado Asiático.

A produção de fibras Dyneema é pouco exigente para o meio ambiente já que necessita de pouca energia e não utiliza produtos químicos agressivos.

O produto final pode ser facilmente reciclado de forma que a poluição ambiental através dos produtos e processos utilizados é mínima.

A teoria básica sobre como produzir uma fibra super-forte como o PolyEthylene, através do processo de “gel-spinning”, é fácil de compreender.

O PolyEthylene, com um ultra-alto peso molecular (UHMWPE), é utilizado como material de base. Em condições normais, no Polyethylene as moléculas não são orientadas e são facilmente desfeitas.

Neste processo de “gel-spinning” as moléculas são dissolvidas num solvente e em seguida, a matéria daí resultante, passando por pequenos orifícios, é fiada através de uma fieira.

Sucessivamente, a solução fiada é solidificada pelo frio, que fixa uma estrutura molecular, que contém uma malha (filamentos) de muito baixa densidade da cadeia molecular.
Na solução as moléculas formam clusters no estado sólido resultando numa fibra com uma muito alta resistência.

Chamada de Dyneema, esta fibra já nossa conhecida, é caracterizada por ter uma estrutura cristalina de quase 100%, com as moléculas perfeitamente dispostas em paralelo, o que origina a sua alta resistência, e outras excelentes propriedades.

As suas principais características técnicas são:

Tabela das características técnicas da fibra Dyneema/Spectra




















Dyneema é pois uma fibra de Polyethylene ultra-resistente produzida através de um
processo de tecelagem patenteado como já foi referido. Esta fibra é especial e é até 15 vezes
mais resistente que o aço. Ela possui altíssima absorção de energia e elasticidade mínima.
Esta fibra flutua na água e é extremamente resistente à: abrasão, humidade, raios UV e produtos químicos.
As linhas trançadas Dyneema e Spectra são todas básicamente o mesmo filamentos de linha
com base de Polyethylene.




Esta linha flutua porque tem peso especifico de 0,97gr/cm³ enquanto a água tem 1,0 gr de peso. Há muitas linhas trançadas no mercado, e nós devemos de conhecê-las antes de as comprar. A maior parte das diferenças vêm da forma dos revestimentos, dos filamentos e das cores. A forma dos trançados é constituída por: 3, 4, 8 e 16 cabos/filamentos.

As marcas mais conhecidas, tais como PowerPro, Spiderwire, Fireline e a maioria das PE ( de PolyEthylene, designação que os japoneses atribuem a estas linhas) são trançados com 4 cabos/filamentos.

Cada cabo/filamento é composto de uma série de microfibras (entre 50 a +/-100) muito finas. As linhas trançadas, com 4 cabos/filamentos têm uma forma quadrada, mas com linhas finas, e a olho nu, parecem redondas.

Existem algumas linhas trançadas com 8 ou 16 finos cabos/filamentos que são usadas principalmente para jigging.

A qualidade de uma linha trançada está dependente de alta qualidade sobre o material de base, do número de filamentos, do processo de fusão, do trançado de precisão, bem como do posterior acabamento, já que graças à combinação de diferentes tipos de fibra num trançado, é possível a criação de características especificas individuais.

A incorporação de fibras leves ou mais pesadas ou até mesmo a inserção de um núcleo de chumbo (caso das linhas afundantes) gera diversos tipos de linhas com requisitos diferentes,
que como já se referiu são atribuídos pelas marcas na fase de acabamentos. O perfil da linha, oval ou redonda, está dependente do número de filamentos, com o qual a linha é trançada. Uma linha trançada com 3 cabos/filamentos (valor mínimo) será sempre mais económica.

As linhas de Multifilamento podem ser elaboradas através de dois processos, por Fusão ou Trançadas.

Fusão: As linhas fundidas são assim chamadas por serem feitas de vários filamentos colados e não trançados cobertos por uma camada de material de plástico, (capa) que faz com que tenham uma aparência lisa. São linhas geralmente um pouco mais rijas, devido ao seu revestimento espesso. A desvantagem destas linhas está na sua construção, já que se ao roçar num obstáculo e se romper o revestimento, as fibras por não serem trançadas são mais frágeis
à rotura.

Trançadas: As linhas trençadas modernas desenvolveram-se graças a uma tecnologia avançada. O Polyethylene depois de passado pelo processo de tecelagem é convertido numa estrutura cristalina específica. A orientação das estruturas das fibras é disposta num eixo longitudinal, criando uma resistência muito alta no mesmo eixo e este tratamento deixa a
linha muito flexível, suave e resistente aos agentes químicos e raios UV. O seguinte passo permite fundir as dezenas de micro fibras num único cabo/filamento, desenvolvendo assim a resistência mais alta possível.

Conforme as marcas, os acabamentos finais variam, desde a existência de uma capa protectora, passando pelo número de micro fibras usado até à forma do trançado.

Como resultado final temos a uma linha:

- 15 vezes mais resistente que o aço
- Incrivelmente fina comparando com sua resistência
- Com perfil arredondado e de característica suave
- Com escassa memória
- Com muito pouca elasticidade (de 3% a 7% contra o 25% a 30% do nylon)
- Maior resistência à tracção e à abrasão no respeito a um nylon do mesmo diâmetro
- Que permite um lançamento suave e muito mais longo
- Resistente a produtos químicos e raios UV
- Sensibilidade máxima (contacto directo com o peixe)
- Vida útil muito maior por não ressecar e não ter memória
- Resistência até 5 vezes maior para o mesmo diâmetro do monofilamento
- Superfície de ataque menor na água devido ao menor diâmetro

Diâmetro - uma característica subjetiva.

Muitos pescadores sentem-se inseguros – devido á forma como estão acostumados com o monofilamento - na medição do diâmetro de uma linha trançada fazendo-o por estimativa de acordo com a sua sensação.

Uma vez que o diâmetro do corpo da linha trançada, não se pode medir com precisão, devido ao facto de não ser redonda, o valor declarado nos rótulos não é assim exacto. Por isso, uma medição é apenas um cálculo possível. Por este motivo deve-se comprar uma linha trançada de acordo com a sua resistência á rotura em vez de, com um determinado diâmetro especifico que não pode ser provado.

Algumas situações em que o Monofilamento terá vantagem são por exemplo:

- Lançando amostras ultra ligeiras.
- Utilizando uma recuperação muito lenta com muitas pausas.
- Utilizando carretos que não fazem a recuperação em espirais cruzadas.
- Em pesqueiros de alta abrasão (zonas de pedras) com lances relativamente curtos.

Em termos de defeitos que possamos considerar, o mais evidente é a escassa resistência à abrasão. Outro defeito é a tolerância aos nós. O multifilamento por natureza escorrega e
isto é o pior que pode acontecer para a tolerância de um nó. Por esta razão deveremos ter em conta o número de voltas necessárias para os fazer, umas poucas voltas de diferença e o nó pode vir a dar problemas. Sobre o preço, um bom trançado dura muitíssimo mais que um nylon, e seu maior preço de compra é compensado pela sua longa longevidade

Por último uma chamada de atenção: Verifiquem sempre os primeiros 20 metros da linha na procura de alguns danos que possa ter. Caso encontre falhas, cortes, etc., deverá remover a linha. Após uma jornada de pesca, passar por água doce e armazenar a linha em um lugar seco. A linha terá um longo tempo de vida, se forem tomados os devidos cuidados.


Boas pescarias

Paulo karva

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Dentição dos peixes e sua forma de atacar as iscas

Dentição dos peixes e sua forma de atacar as iscas

Depois de uma boa picada na qual o carreto nos presenteia com a sua música celestial em forma de longo zumbido, a adrenalina sobe rapidamente por todo o corpo e faz-nos sair disparados para as canas com um verdadeiro tremor de pernas e o coração acelerado. O mágico momento de ferrar o peixe e sentir sua luta chegou, compensando-nos das longas esperas e das menos boas pescas de anteriores jornadas.
Mas não esqueçamos o mais importante, para que tudo isto se realize é condição “sinequanon” que o peixe morda a isca e… nem todos o fazem de igual forma, por isso tentaremos dar uma visão de conjunto de como os peixes atacam a isca.

Em primeiro lugar os peixes, como todos os animais, condicionam a sua dentição ao regime alimentar que desfrutam. No caso dos tubarões e rayas podemos encontrar dois tipos de dentes:

- Cónicos ou pontiagudos, com uma primeira fileira para morder a suas presas e outras mais internas que vão avançando para o exterior e substituindo a primeira fileira de dentes que pouco a pouco se desgastam ou perdem. Podem apresentar picos auxiliares, ser erectos ou abatidos, com contornos em serra ou lisos.

- Em mosaico, sobretudo em rayas e cações, com várias fileiras de dentes funcionais que formam uma espécie de pavimento empedrado.

No caso dos peixes ósseos podem-se distinguir três tipos de dentes segundo seja sua posição na boca:

1. º - Mandibulares, situados no pré-maxilar e maxilar, na mandíbula superior e na dentadura inferior. Os dentes mandibulares, podem ser, por sua vez, de vários tipos: Cordiformes: São numerosos, finos e pontiagudos, dispostos em várias fileiras como no caso das merluzas, (Merluccius merluccius) peixe lagarto, etc. Caniniformes: Têm forma de caninos pontiagudos, destacam-se todos os peixes do género Dentex: Dentón, ( Dentex dentex) Parguetes, Cachucho, (Dentex macrophthalmus) etc. Incisivos: São dentes com os extremos cortados em bisel, como os dentes anteriores do Pargo (Pagrus pagrus). Molariformes: Aplanados, em forma de paralelepípedo e destinados a esmagar e moer crustáceos e conchas, como os da Douradas (Sparus aurata) e Pargos Sêmea (Pagrus Auriga).

2. º - Bucais, situados no tecto da cavidade bucal e palatino. Robalos (Dicentrarchus labrax) e Bailas (Dicentrarchus puntatus) apresentam este tipo de dentes.

3. º - Faringeos, situados nos arcos branquiais. Podem servir para raspar, rasgar ou moer. Carángidos como os chicharros reais, (Caranx rhonchus) palometas (Trachinotus ovatus) e peixes limão (Seriola dumerilii) apresentam-os.

Em segundo lugar cada peixe e devido precisamente ao tipo de dentição que apresenta, ataca nossas iscas de diferente forma:


Sorvendo: Há peixes que pela falta de dentes pontiagudos
ou de uma placa óssea que lhes facilite a captura de outros peixes, crustáceos e moluscos, utilizam como forma de capturar o alimento á superficie da água a absorção ou chupando pequenos e delicados bocados ou pegando em areia e lodo do fundo para depois a cuspir e reter o alimento. São peixes que por sua forma de comer têm uma
picada em acção de pesca, muito subtil.
O exemplo deste tipo de peixes é a lisa (Liza aurata).

Sugando: Os peixes que capturam o alimento sugando-o da
maneira que o faz um aspirador, costumam rondar os areais
e têm bocas desenhadas para tal fim. Desde o ponto de vista de pesca com anzol, esta forma de comer joga contra, pois faz que a grande maioria deles os engola. Exemplo destes peixes são os salmonetes (Mullus surmuletus) e peixes planos.

Emboscada: Os peixes que praticam a pesca de emboscada
estão providos de bocas muito grandes e geralmente valem-se
da imobilidade, do mimetismo ou do emprego de chamarizes para atrair a suas possíveis presas. Uma vez fixado o objectivo este é literalmente engolido a toda velocidade por suas bocas passando inteiros ao bucho, pelo que geralmente tendem a engolir o anzol e é raro ferrá-los pelo lábio. Exemplo deste tipo de peixes são, os rascassos,
(Scorpaena scrofa) aranhas, (Trachinus araneus) e depredadores
oportunistas como os safios (Conger conger).

Rompante: Grande parte das espécies predadoras, objectivo
cobiçado dos pescadores, comem "em marcha" não parando
sequer para saborear a isca. São peixes que se valem da
sua velocidade e de um furibundo e rapidíssimo ataque sobre a presa que lhes costuma levar a engolir a isca inteira ou a ferrar-se firmemente pelo lábio, para depois seguir seu caminho nadando rapidamente. Típico deste grupo de peixes é o dar um tremendo esticão da cana seguido de um continuo zumbir do carreto levando fio, que em certas ocasiões se traduz em ver nossa cana atirada sobre a areia
ou ainda pior, arrastada para o mar. Nesta tipología poderíamos
enquadrar a bailas, robalos, corvinas, (Argyrosomus regius), pargos,
anchovas,(Pomatomus saltatrix) etc.

Envolvendo: Esta forma de comer é exclusiva de rayas, e outras espécies da mesma familia. Estes animais deixam-se literalmente cair sobre a isca cobrindo-os com seu corpo, para posteriormente dirigí-los para sua boca que está em posição ínfra e em contacto com o fundo. Costumam dar um esticão na cana e ficar quietos até que começamos a recolher apresentando uma forte resistência favorecida pela forma do seu corpo e sua forma de nadar.

Trincando: Esta peculiar forma de comer é característica dos
sargos, (Diplodus sargus spp.) safias, (Diplodus vulgaris) e afins. Estes peixes costumam ser gregários e para evitar a concorrência com outros congéneres tomam a isca levando-lho rapidamente para um lugar isolado. Costuma traduzir-se em esticões secos na cana.

Beliscando: Os peixes de boca pequena ou os herbívoros costumam comer, dando pequenos beliscos aos bocados de isca. Salemas, (Sarpa salpa), bodiões, etc., poderiam enquadrar-se neste grupo.

Cuspindo: Deixámos para o final esta peculiar forma de tomar as
iscas, por ser a habitual de dois cobiçados espáridos a Dourada
e o Pargo Sêmea. Estes peixes costumam capturar os crustáceos e moluscos com concha, pelo que seu primeiro ataque vai encaminhado a morder e romper a dura carapaça de suas presas e as matar, para posteriormente as engolir, poderíamos dizer que sua forma de comer passa por três fases: morder-cuspir-engolir. Isto costuma-se traduzir nas nossas canas por uns ligeiros toques ao princípio seguidos de um “esticão” coincidente com
o momento em que tomam e arrancam com a isca.

Paulo karva

segunda-feira, 14 de julho de 2008

MAR SALGADO

"Um Nome..."














Paulo karva

Caranguejos de casca mole

Caranguejos de casca mole


Crustáceos caracterizados por não possuírem esqueleto interno, mas carapaça exterior protectora. Para crescerem os caranguejos têm que se livrar da carapaça antiga e permitir que a nova e maior ocupe o lugar desta. Enquanto a nova carapaça não solidifica os caranguejos ficam mais vulneráveis aos seus predadores.

Casca-mole é o termo utilizado pelos pescadores para designar várias subespécies de caranguejos que ao crescerem perdem a carapaça e a nova não solidifica.

Na fase do amolecimento que amolece, os caranguejos, atraem todo o tipo de peixes. De onde poderá vir tal atracção, quando estes caranguejos, quando com a casca dura, mesmo descascado, não são grande isco?

Como outros crustáceos, o caranguejos crescem por etapas e amolecem vária vezes ao ano. Este crescimento é comandado por um hormona e é a excreção desta na água, que revela e atrai os peixes para a presença dos caranguejos de casca mole.
Encontrar de dia, caranguejos de casca mole não é lá muito fácil. É necessário procurar nos seus locais de refúgio habituais : poças de água na maré baixa, por baixo das rochas, sondar debaixo de grandes quantidades de algas, prospecionar todos os canais e flancos dos pontões rochosos ou das margens dos estuários, etc..
Os caranguejos podem conservar-se, sobretudo sem ficarem muito apertados, na gaveta dos legumes do frigorifico, quer dentro de uma caixa de plástico com algas no fundo, quer dentro de um pedaço de sarrapilheira húmida.

Distribuição

Sendo das espécies mais comuns no nosso litoral, escolhi como exemplo o caranguejo verde (Carcinus maenas), foto acima, por forma a facilitar a apresentação que se segue.
Carcinus maenas é um caranguejo muito comum do nosso litoral, e é uma importante espécie invasora. Ele está listado entre as 100 piores espécies exóticas invasoras do mundo ".

C. maenas é conhecido por nomes diferentes em todo o mundo. Nas ilhas britânicas, é normalmente referido como caranguejo da costa. Na América do Norte e na África do Sul, tem o nome verde, caranguejo verde ou caranguejo europeu. Na Austrália e na Nova Zelândia, é referido quer como o caranguejo europeu ou caranguejo verde da costa.

As áreas azuis correspondem aos nativos. As vermelhas são as áreas das espécies introduzidas ou invasoras. Os pontos pretos representam unicamente avistamentos que não conduziram a invasão, e nas áreas verdes correspondem a potenciais espécies.

Ecologia

C. maenas podem viver em todos os tipos de zonas marinhas e estuarinas em habitats, com lama, areia, pedra ou substratos, vegetação aquática submersa e emergente, pântano, etc.,. C. maenas é euryhaline,(organismo que são capazes de se adaptar a uma vasta gama de salinidades) o que significa que eles podem tolerar uma ampla gama de salinidade (de 4 a 52 0/00) e sobreviver em temperaturas de 0 ° C a 30 º C . A vasta gama de salinidade permite aos C. maenas sobreviverem na menor das salinidades encontradas em estuários.

As fêmeas podem produzir um máximo de 185000 ovos e as larvas desenvolvem-se ao largo em várias etapas.

Os jovens caranguejos vivem em prados de algas marinhas, por exemplo, na foto ao lado, Posidonia oceanica, até atingirem idade adulta.

C. maenas são predadores e alimentam-se de muitos organismos, nomeadamente. moluscos bivalves (tais como amêijoas, mexilhões), anelídeos e pequenos crustáceos. Eles têm hábitos principalmente nocturnos, apesar da sua actividade também depender da maré, e poder ser activa, a qualquer momento do dia.

Iscar

Os caranguejos de casca mole, são para mim, um dos melhores iscos que se podem usar, o isco “milagroso” pois todos os peixes o apreciam.
Para preparar os caranguejos para iscar, remove-se a carapaça superior, bastando para isso retirar a placa protectora que tem no abdómen, usar o bico de uma faca no lado oposto aos olhos, na separação da carapaça com o abdómen ( é um local preciso com a forma de um V e ligeiramente côncavo) e fazer pressão para a carapaça sair. Iscam-se então com a carne branca e cheia de filamentos rijos que se encontram de cada lado do caranguejo, nas partes interiores que controlam as pernas, com ou sem estas.
Os caranguejos podem ser usados inteiros ou em partes, depende do tamanho do animal ou do anzol. Quando são utilizados inteiros, os caranguejos devem ser atados ao anzol por fio elástico para o segurar durante o lançamento. As patas e as tenazes podem ser usadas em separado. Quando utilizado em duas ou mais partes e depois de atados também, deverá acrescentar-se umas patas ou pinças para parecer mais natural, devendo ter sempre o cuidado de deixar o bico do anzol a descoberto. A iscada ao entrar na água, liberta os sucos e óleos, constituindo assim também um eficaz engodo.
Outras maneiras haverá de fazer uma boa iscada, deixando á imaginação de cada um a forma de o tentar.

Paulo karva

quarta-feira, 9 de julho de 2008

CANAS DE SURFCASTING

Canas de Surfcasting

Este artigo pretende abordar o processo de fabricação das canas de Surfcasting e como actuam os diferentes factores no comportamento final das mesmas.

TIPOS DE CARBONO

O material essencial na construção do blank de uma cana de surfcasting é o Carbono. Só há um tipo de carbono, o elemento químico que é conhecido por “C” sendo que o que nos interessa para este caso o seu tipo amorfo e cristalizado chamado “grafite”.

O carbono (grafite) pode-se dividir em dois tipos, segundo a sua estrutura:

Estrutura Hexagonal (alfa): camadas alinhadas

Estrutura Romboédrica (beta): camadas desalinhadas

O tipo de estrutura é que vai influenciar os diferentes tipos de “fibra de carbono”.

FIBRA DE CARBONO

A fibra de carbono é constituída por uns filamentos de grafite obtidos a partir da submissão das fibras de poliacrilato a um processo de termólisis (degradação térmica de um material para separação das suas impurezas), com que se obtêm um material sólido carbonoso.

O tecido da fibra de carbono consegue-se unindo estes filamentos de grafite sucessivamente, mediante a contribuição de resinas plásticas, como o epoxi, o polyester ou o viniléster, conseguindo uma lâmina de fibra de carbono. Ultimamente está-se a usar em conjunto com estas resinas microparticulas de titânio. Estes produtos não incrementam quase nada, o peso do tecido de grafite e melhoram as suas propriedades, como a sua resistência ou a sua elasticidade. São estes tecidos que são utilizados no fabrico dos blanks das canas.
O módulo de elasticidade de um carbono mede-se submetendo a este uma força de tracção, com a qual o material sofre um estiramento (alongamento) e vê reduzido o seu diâmetro. O valor que obtemos é o que se conhece como módulo de Young. A parte que nos interessa é o comportamento das fibras de carbono. Quanto maior for este módulo, significa que estamos perante fibras menos elásticas e que perderam em extensão, menor diâmetro de secção. Pelo contrário, quanto menor for o valor do modulo de um carbono, significa que o seu estiramento será maior em extensão e a perda de secção da fibra poderá fazer com que esta se parta mais facilmente.

Uma fibra de carbono de alto módulo, será um material mais cristalizado e com um maior índice de dureza e menor alongamento. Esta maior cristalização do carbono de alto módulo, fá-lo ser também mais frágil aos golpes como contrapartida para a realização das nossas varas. A vantagem que tem o seu uso é que permite por um lado que as canas tenham uma estrutura mais fina porque podemos utilizar fibras mais delgadas e menor quantidade de camadas de tecido, reduzindo drasticamente o peso da cana e por outro lado, permite-nos ter um material que não vai dobrar facilmente tendo que se efectuar algum esforço para obter o beneficio de uma grande resposta no lance. Como já podem calcular uma cana feita integralmente de carbono de muito alto módulo, mais parece um pau a lançar e não vai sentir a picada nenhuma.

Uma fibra de carbono de baixo módulo é um material mais macio, com um índice de dureza pequeno e um maior alongamento. É um material mais resistente aos golpes do que o de maior módulo. Ao tratar-se de uma material mais macio, a sua estrutura deverá ser mais grossa em virtude de ter maior quantidade de fibras já que se dobram e perdem diâmetro de secção facilmente. Este carbono aplicado nas nossas canas, proporciona canas mais macias, fáceis de lançar e que marcam muito bem a picada, dada a pouca resistência do material ao comprimir-se. As canas não seram muito potentes e as sua estrutura de fibras será mais grossa com o objectivo de não partir-se por falta de secção quando num grande esforço de extensão. Como devem calcular este carbono é muito bom para a elaboração de ponteiras híbridas.

Vamos falar agora sobre os tipos de fibras de carbono. Quando pensamos nos filamentos com os quais se realizam os tecidos, poderemos julgar que têm uma secção circular, como muitas vezes se poderem ver em gráficos, mas a fibra de carbono pode ter secções muito diferentes, segundo a estrutura do carbono seja, como já referimos, Alfa ou Beta.

Assim temos dois tipos de fibras basicamente.

1. - Fibras de secção circular, que por sua vez podem ter uma estrutura interna de disposição dos átomos do carbono radial, concêntrica.

2. - Fibras de secção em T

3. - Fibras de secção em X

As primeiras, as de secção circular são as que mais aguentam, segundo o módulo de carbono em que é foram realizadas, o alongamento e também têm uma boa maleabilidade.
Estas fibras usam-se geralmente isoladas, intercalando camadas de tecido realizadas com camadas de maior ou menor módulo, dependendo da acção que se procura.

As segundas são as que mais embandeiram quando se submetem á extensão, mas têm uma clara vantagem se observarmos a sua forma, não se dobram facilmente sobre o seu eixo. Usam-se sempre junto a outras fibras para tentar compensar a curvatura da cana.

As terceiras, têm uma boa resistência á tracção e bom comportamento na curvatura, não chegando ao nível das em forma de T.

Chegados a este ponto será fácil perceber certas designações que vêm nos materiais como XT ou X carbono, T qualquer coisa, Radial Carbono, etc.

MONTAGEM POR CAMADAS DE UM BLANK – O EFEITO DAS RESINAS

Uma vez que tenhamos os nossos tecidos de fibra de carbono e conhecemos as suas características, pesos, comportamento, resistência, elasticidade, etc. começaremos a incorporar camadas dos diferentes materiais, segundo o que queremos para a nossa cana, se mais ligeira, mais lançadora ou mais sensível. Para isso vai-se sobrepondo camadas para modelarmos a forma da nossa cana.
Uma cana incorporará maior ou menor variedade de carbonos, dependendo do que se queira.
Se queremos uma cana lançadora, que tenha uma boa capacidade de resposta, que seja leve e marque bem as picadas, teremos que ter maior variedade de carbonos na sua construção.
A estas camadas podem-se juntar outros materiais, como fios de kevlar ou titânio, por dentro ou por fora ou aros paralelos, para incrementar a resistência da cana aos esforços. Se uma cana os tem é um ponto a seu favor. Da mesma maneira se jogarmos com a posição os tecidos de carbono e se incorporarmos fibras de carbono de reforço em forma elipsóide ou helicoidal, também incrementamos a resistência.

Temos de entender que o que modelamos são secções da cana não toda a cana, porque as nossas canas são geralmente de secções sejam elas telescópicas ou de partes de encaixe.
Uma vez que tenhamos a secção bem moldada, temos que passá-la pelo forno para cozer o material e assim fazer com que as diferentes camadas se unam. A união das camadas faz-se mediante a fusão dos materiais plásticos que falamos anteriormente que são os epoxis o polyester e o vinil éster que colam as camadas umas ás outras fundindo a secção. Uma vez concluída esta parte passaremos ao remate das uniões e aos acabamentos.

Um blank poderá conter certa quantidade de resinas totais. Quanto maior for a quantidade de resinas totais que a parede da cana tenha, mais alteradas serão as propriedades do carbono, porque menor será a quantidade deste. Quanto maior for o módulo de um material menor o diâmetro de fibras que se podem aplicar, podendo assim utilizar menor quantidade de resinas que prejudicando menos o comportamento da cana.

FORMA

Como sabem as nossas canas têm entre 4 a 5 metros de comprimento. A razão da sua construção cónica é de poder dobrar sobre o seu próprio eixo. O arco efectuado pela cana será tanto mais acentuado e mais fácil de produzir quanto maior for a sua conicidade. Inversamente uma cana com uma baixa conicidade, será uma cana mais difícil de dobrar e por isso de lançar com ela e marcará menos as picadas.

As canas de acção de repartição, têm uma grande conicidade e as canas de acção de ponta, possuem uma conicidade menos acentuada. As canas de repartição, jogam com a conicidade, com os módulos de carbono e a grossura das paredes, para obter uma cana que se dobra com certa facilidade, que acumula todo o seu poder na parte de baixo com uma parede bastante grossa e com uma ponta bastante elástica e flexível, que marca bem as picadas.
As canas de acção de ponta, jogam com uma escassa conicidade e com carbonos de muito alto módulo, para fazer com que a sua compressão seja rápida e seu arco menos vincado.

A ACÇÃO DAS CANAS

Vamos dividi-las em quatro tipos, dando uma explicação simples.

Acção de ponta: canas potentes, duras, requerem lances rápidos e têm ponteiras pouco sensíveis. Actualmente, as ponteiras destas canas tendem a surgir numa forma híbrida para detectar os toques e aguentar as montagens em condições de mar bravo. Requerem uma força grande física, e conhecimentos técnicos de lançamento, para se poder tirar o máximo partido delas. Não são canas para o grande público.

Acção Semiparabólica: Cana ideal para pescadores não “dotados” para os lançamentos, já que permite pescar a muita boas distâncias e têm uma boa detecção dos toques. È uma cana mais agradável de lançar, já que descreve um maior arco, não sendo necessário muita rapidez e técnica de lançamento.

Acção Parabólica: Cana fraca para lançamentos longos e de fraca potência. O seu blank dobra-se quase totalmente com bastante facilidade. Têm uma grande conicidade e são muito sensíveis aos toques, dando mais gozo na hora das capturas.

Acção de Repartição: Canas muito potentes e robustas. Permitem grandes lançamentos e detectam muito bem os toques. São canas muito exigentes em técnicas de lançamento, em força, não sendo necessário lançar muito rápido com elas.

PASSADORES E TIPOS DE PASSADORES

A influência dos passadores numa cana é um aspecto muito importante.
O comportamento de uma cana não é só dado pelo pela construção do blank, é muito importante o número de passadores que esta tenha e a sua colocação.

Em geral uma cana com os passadores colocados bem acima ou com um único passador na parte do meio, estará pensada para que dobre com maior facilidade a sua ponteira (acção de ponteira). Uma cana com a disposição dos passadores mais perto do porta carretos, ou com dois passadores na parte do meio, estará pensada para ter um arco maior (repartição, semi parabólicas rígidas).
Quando falamos em passadores surge um nome, FUJI, que é o expoente máximo em tecnologia da sua construção e montagem.

Boas pescas.

Paulo karva

Nota: Este artigo, de minha Autoria, foi publicado no primeiro número da revista " O Pescador"