domingo, 14 de dezembro de 2008

Linhas de pesca - 1ª parte

As Linhas de Pesca

As primeiras linhas realmente finas, resistentes e mais ou menos transparentes que se utilizaram foram chamadas de fios de “seda”, receberam este nome por serem extraídas dos casulos dos bichos das seda. Até então eram usadas uma espécie de “fios de corda”, digamos assim, que devido à sua grossura, se pareciam mais com “cordões”.

A descoberta do fio de “seda” foi um grande avanço para as linhas de pesca, a tal ponto que ainda hoje se confunde o termo seda com os actuais nylons, que nada têm a ver com o antigo e autêntico fio de seda.

As linhas de pesca são, sem lugar para dúvidas, um dos acessórios mais importantes para o pescador e tem vindo a sofrer um processo de evolução ao longo dos tempos, fruto de avançadas pesquisas efectuadas nestes últimos 40 anos, resultando daí o aparecimento de materiais sintéticos de alta resistência e elasticidade, entre outras características. Assim sugiram as fibras monofiladas (o nylon, a poliamida e o polyester) e em seguida, as de fibras sintéticas microfilamentadas (Kevlar, Dyneema e Spectra), que são microfilamentos trançados.

Por força da política de marketing dos fabricantes e também por culpa dos pescadores, as linhas de pesca são como um parente pobre do nosso equipamento, onde se tenta poupar algum dinheiro abdicando de alguma qualidade em favor do último modelo de cana ou de carreto. Esquecemo-nos da sua importância como único elemento do nosso equipamento que nos liga à nossa captura.

O conjunto cana/carreto mais cara do mundo, não serão um grande investimento, se na hora da verdade, a linha ou o anzol falharem na sua missão de trazer-nos o tal troféu à muito desejado.

Para que a escolha de uma linha com qualidade não seja efectuada através do método de prova e erro - tantas vezes por nós utilizado e com algumas perdas de alguns peixes pelo meio - tentaremos apresentar com este tema e trazer ao vosso conhecimento, algumas características e propriedades gerais das linhas, de maneira simples, de tal forma que a próxima vez que formos comprar uma linha possamos efectuar uma boa compra.

Não nos podemos esquecer de que as indicações existentes na rotulagem efectuada por muitos fabricantes ou importadores não correspondem ás verdadeiras características das linhas, no entanto poderemos tomá-las como mera referência, não esquecendo também de que já existem no mercado uma grande quantidade de marcas com linhas certificadas.
(http://www.eftta.com/)

Neste contexto e sem entrarmos na especificidade dos diferentes tipos de pesca existente, optou-se por abordarmos este tema falando sobre dois tipos de linha de pesca:

Monofilamento, linha de nylon ou outros polímeros de uma só fibra.

Multifilamento, linha trançada a partir de várias fibras de Polyethylene.

Monofilamento

A História

Num período da história conhecido como o do “Terror”, durante a Revolução Francesa, quando quase toda a nobreza estava condenada à guilhotina, O Visconde DuPont de Nemours, um abastado banqueiro, fugiu para os Estados Unidos com todo o seu capital. A sua família organizou-se e centrou os seus negócios na fabricação de explosivos, sobretudo pólvora.
Em 1920, Dupont mudou todos os seus negócios para o sector têxtil, tendo criado um grupo de pesquisa ao qual se juntou Wallace Hume Carothers.
Este grupo e as suas pesquisas na Dupont, tiveram os seus primeiros sucessos em 1930 quando sintetizaram uma matéria designada de polychloroprene, onde fizeram a sua estreia no mercado com a designação de Duprene, tendo em 1936 ficado conhecido por Neoprene A primeira e a mais velha borracha sintética conhecida e que ainda tantas aplicações tem.

Em 1938 os laboratórios DuPont produziram uma fibra sintética forte e elástica a que chamaram nylon que substituiria por completo a linha de pesca composta por seda, lã e algodão.
Esperava-se que tivesse um grande êxito nas duas cidades Nova York (Ny) e Londres (Lon), e em honra a elas deram o nome à fibra (Nylon).

O nylon é obtido em diferentes combinações de diaminas com ácidos dicarboxílicos, sendo comuns a reacção de hexametilendiamina com o ácido adípico ou com o cloreto de adipoíla, para o nylon "6,6" (estes números referem-se ao número de carbonos de cada um de seus constituintes), e com o ácido sebácico ou o dicloreto de ácido sebácico, alternativamente para obter o nylon "6,10", entre outras variações

Os primeiros monofilamentos eram grossos, frágeis e rígidos, quase impossíveis de manejar em acção de pesca mas como qualquer nova invenção foi-se melhorando e aperfeiçoando até ao que conhecemos hoje em dia.

As Características

O Monofilamento é a linha mais utilizada e as suas características principais são:
· Memória
· Elasticidade
· Resistência
· Relação diâmetro-resistência
· Suavidade
· Cor

Memória:
É a capacidade do nylon de recuperar sua forma recta depois de sair de um carreto. Ao armazenar uma linha numa bobine, esta tende a adoptar uma forma cilíndrica, o problema radica em que algumas linhas retêm a forma de espiras durante muito tempo após ter sido lançada. A memória é pois, o fenómeno pelo qual a linha "recorda" a forma cilíndrica da bobine onde está colocada. Todas as linhas de monofilamento apresentam memória em maior ou menor medida, pelo que sempre será importante seleccionar uma linha que apresente a menor quantidade possível. Como mencionado acima, geralmente a memória é directamente proporcional à macieza da linha. Quanta mais memória presente na linha, maiores serão os problemas que causa, como problemas no lançamento, os nefastos "ninhos", pouco controle sobre a acção das amostras e falhas durante o ferrar.

Elasticidade:
A elasticidade é a propriedade que o monofilamento possui em esticar-se. Quanto mais elástica seja a linha, maior será a influência na sua capacidade de ferrar ou manejar o peixe e as suas " corridas bruscas”. Também demasiada elasticidade produz pouca força para a ferragem e pode provocar a fractura da linha durante uma corrida brusca. Um fio demasiado elástico impediriá de cravar correctamente o anzol devido à amortização que produz.
O ideal é ter um índice de elasticidade médio, 20 a 30%, ajudará a cravar bem e a manter o anzol na boca dos peixes. De facto, a maior parte das rupturas, dá-se precisamente durante este tipo de respostas. O uso deste tipo de linhas é muito recomendado para os menos experientes na pesca, porque são ajudadas sem se dar conta, pelo contrário, com um nylon pouco elástico há que ser muito rápido e trabalhar bem a embraiagem do carreto para compensar a ausência de elasticidade e evitar perder as capturas, situação que requer já alguma experiência de pesca.

Resistência:
Resistência é a capacidade máxima de suporte de peso de uma linha e normalmente vem expressa em kilogramas ou libras. Cada libra corresponde a 453 gramas.
É a resistência à tracção, quer dizer, quando nós pegamos numa linha de cuja resistência seja de 9 quilogramas, de acordo com o fabricante, isto significa que ao usarmos um dinamómetro, teria que partir ao chegar aos 9 kilogramas da força e não antes.

Infelizmente nem todos os fabricantes são honestos nestes dados. No caso do fio de nylon, dada a sua elasticidade, estes dados são para uma tracção progressiva e não param uma tracção repentina, onde a sua resistência é menor. Isto explica que as baixadas da linha para as espécies grandes são de uma espessura e de uma resistência maiores do que o resto da linha, dado que o peixe nos últimos metros quando nos tem á vista, emprega toda sua força para tentar fugir dando uns esticões fortes que poderiam partir a linha.
Outra característica importante que devemos de ter em atenção é a deteorização da linha, isto é a resistência à abrasão, ao desgaste por roçar nos fundos, ás anilhas da cana, à acção do sol e da água salgada, etc.Também aqui não temos nenhuma indicação do fabricante e não temos outro remédio senão confiar no vendedor ou nalgum amigo que tenha experimentado a linha ou em definitivo confiarmos na nossa experiência. Muitas pessoas pensão que a resistência da linha deve ser pelo menos igual ao peso do peixe que se pretende capturar e isto é um erro dado que os peixes no seu meio aquático pesam em média um terço do seu peso fora da água. Consequentemente nós podemos usar linhas da resistência menor e de uma maior capacidade de linha no carreto. No entanto nós devemos ser conscienciosos e não facilitar muito já que um peixe de 2 quilogramas, na luta pode exercer com uma força perto dos 10 quilogramas. Não quer dizer isto também, que a linha tem de ter tanta resistência, pois temos que contar com embraiagem do carreto e com habilidade do pescador para capturar o peixe sem chegar a partir a linha. Relação diâmetro-resistência: O Diâmetro é simplesmente a medida de uma secção de linha. A linha é um grande cilindro de muito comprimento e um diâmetro mínimo. Nas linhas, o diâmentro aparece geralmente em milímetros. Se temos que lançar longe ou carregar muita linha, deveremos escolher o mínimo diâmetro, se estas necessidades não são tão prioritárias, poderemos incrementar a grossura para ganhar em comodidade e segurança de uso. A resistência de uma linha, como já vimos, expressa-se na quantidade ou número de kg ou libras (0.454 g) que uma linha pode "suportar" antes de se partir.

Quando o rótulo indica que a linha é de 10 kg, por exemplo, significa que esta deve suportar AO MENOS 10 Kg, mas o problema radica em que numerosas provas de laboratório, demonstraram que a grande maioria das linhas do mercado na realidade resistem um pouco menos do que o rótulo indica.
Também há que recordar que a resistência da linha é maior quando esta em seco do que quando está "húmida" e que o monofilamento pouco a pouco vai absorvendo humidade tanto do ar como do água e quando se satura, perde entre o 10% e o 15% de sua resistência original.
Em linhas do mesmo tipo, o maior diâmetro proporcionará uma maior resistência, ou seja, aguentará um maior peso. No entanto, não é na resistência ao peso que devemos pensar na hora de optar por uma linha de maior diâmetro e sim na sua resistência ao desgaste, que também tem relação directa com a medida. Quanto mais grossa for a linha, maior será sua resistência ao desgaste. É necessário prevenir quanto a isto no caso de pescas realizadas em locais onde a linha poderá sofrer atrito com pedras e outros obstáculos.

Suavidade:
Algumas linhas são mais flexíveis que outras, ou de outra maneira, podem-se dobrar e manusear com mais facilidade devido à sua macieza. Em geral, uma linha suave, resulta vantajosa devido a ser mais fácil de lançar e produz movimentos mais realista quando se utiliza amostras. Por outro lado as linhas mais duras tendem a apresentar mais memória (ver acima) e alterar o movimento das amostras mais ligeiras, sendo também a causa do efeito de chicotear na ponta das canas, sobretudo nas canas de acção lenta, reduzem a distância de lançamento, além de outros efeitos indesejáveis. Por outro lado, uma linha demasiado suave, será também demasiado elástica, apresentando os mesmos problemas atrás mencionados.

Cor:
Este tema, é causa de verdadeiro debate pois para alguns tem uma importância vital, enquanto para outros nem por isso. As cores mais comuns são o transparente, branco, azul, verde e cinza, numa grande gama de tons. Na verdade, em certas condições, a cor da linha pode influir na sua visibilidade debaixo de água, pelo que muitos pescadores tentam utilizar linhas de uma cor similar à da água onde estão a pescar. Por outro lado existem cores mais luminosas ou fosforescentes que servem para o pescador ver melhor as linhas com o tempo em más condições ou de noite. Julgo que a cor não deve ser um factor determinante para adquirir uma linha, deverá ser dada maior importância à sua resistência e ã proteção aos raios ultravioleta (UV).

Os Factores de Deterioração

Vejamos quais os factores que mais influenciam a deterioração da linha e aos quais devemos periodicamente dar atenção, para manter o nosso equipamento em boas condições e não termos uma má surpresa.

- Luz Solar
- Calor
- Água
- Olhal ou pata do anzol
- Nós acidentais
- Rasgos, golpes e compressões
- Torceduras
- Partes do carreto danificadas
- Anilhas da cana deterioradas
- Enrolamento inadequado
- Nós fracos ou incorrectamente atados

- A luz solar e os raios ultravioleta, afectam os polímeros (nylon), deixando-os quebradiços ao causar uma espécie de cristalização das moléculas que formam o monofilamento.

- O calor debilita a linha, deteriorando lentamente a estrutura do material polimérico do monofilamento, que pode partir por fricção, durante uma corrida veloz de um peixe grande.

- A água, a húmidade e especialmente a água salada que ao secar produz cristalizações.

- O olhal/pata do anzol ou a sua zona de empate (haste), por oxidação ou descamação dos esmaltes ou cromados, podem cortar a linha.

- Nós acidentais que aparecem e que acabam por apertar debilitando a linha.

- Rasgos, golpes e compressões que podem desfiar ou diminuir a secção da linha fragilizando-a.

- Torceduras, o retorcimento da linha também pode deteriorá-la, sabendo-se que quanto maior for o ratio maior poderá ser o número de torceduras por cada volta que se dá á manivela.

- Partes do carreto danificadas ou desgastadas, podem debilitá-la pela alta fricção que produzem.
- Anilhas da cana deterioradas ou em mau estado, podem produzir rasgos.

- Enrolamento inadequado na bobine do carreto, pode estar a linha demasiado apertada e por tanto comprimida, ou retorcida ao não ser bem rebobinada. Às vezes a forte tensão de recolha durante uma luta, a humidade acumulada, as diferenças de temperatura, fazem que as espirais mais profundas, as mais próximas ao eixo da bobine do carreto, se estrangulem por aprisionamento. É curioso que isto não o notemos até que não sacamos todo o fio da bobine, mas surpreender-nos-ia se o fizéssemos com frequência, ao ver com que facilidade se produz.

- Os nós fracos ou incorrectactamente atados causam sérios problemas. por isso devemos verificá-los com frequência, assegurando-nos de seu bom estado.

Dependendo da frequência das idas à pesca deveremos substituir as linhas de Monofilamento depois de uma ou duas temporadas de pesca.

Considerações

O mais importante que deveremos ter em conta na hora de escolher uma linha é, na minha opinião sua resistência(carga de rotura). Esta não se mede, como muitos pensam, pelo diâmetro da linha, o qual varia em função da marca (fabricante) e qualidade de material. Devido a este facto e com o fim de regular de alguma maneira as diferenças existentes entre as muitas linhas existentes no mercado, a IGFA (International Game Fish Association) estabeleceu um critério lógico baseado na capacidade da linha em função da carga de rotura. Esta capacidade determina a força que um peixe lhe pode opor quando pescado. É nisso que se baseia e representa para a IGFA a intensidade de uma luta e portanto, o mérito da captura.
Fazendo justo ao marketing muitas das marcas anunciam valores, para uma mesma resistência, embora as linhas tenham diferentes diâmetros, gerando-se a confusão e até alguma polémica. Para que houvesse um critério compreensível e justo dentro deste sistema e para que de certa forma os sistemas métricos diferentes existentes, não constituíssem um problema, a IGFA criou um critério de valores da resistência a nível mundial, respectivamente quanto ao Sistema Métrico /Sistema Inglês/Resistência :

1 kg. = 2.20 libras = 2 libras
2 kg. = 4.40 libras = 4 libras
3 kg. = 6.61 libras = 6 libras
4 kg. = 8.81 libras = 8 libras
6 kg. =13.22 libras =13 libras
8 kg. =17.63 libras =17 libras
10 kg. =22.04 libras=20 libras
15 kg. =33.06 libras =30 libras
24 kg. =52.91 libras =50 libras
37 kg. =81.57 libras =80 libras
60 kg. =132.27 libras =130 libras

A medida máxima permitida pela IGFA para a pesca desportiva é de 130 libras/60kg enquanto a medida mínima que se comercializa é de 2 libras/1kg de resistência.
Na nossa escolha deveremos ter em conta que quanto menor seja a resistência da linha, a sua grossura também diminuirá e consequentemente, será menos visível para o peixe.
Não devemos esquecer que uma linha fina pesa menos que outra de diâmetro maior e que oferece uma acção mais macia, permitindo que a isca se mova na água de maneira mais natural, por isso e tendo em conta que as iscas que utilizamos têm um peso específico, consideraremos que uma linha mais grossa oferecerá mais segurança mas pouca naturalidade. Na nossa escolha, temos de ter em conta o seguinte quadro de resistências:

0.10 mm = 0,8 kg
0.12 mm = 1,1 kg
0.15 mm = 1,6 kg
0.18 mm = 2,2 kg
0.20 mm = 2,8 kg
0.22 mm = 3,2 kg
0.25 mm = 4,1 kg
0.30 mm = 5,8 kg
0.35 mm = 7,9 kg
0.40 mm = 10 kg
0.45 mm = 12 kg
0.50 mm = 15 kg
0.60 mm = 21 kg

Como a escolha de uma linha de pesca, com a resistência ideal, não é tarefa fácil, senão mesmo impossível, atendendo às diferentes condições que poderemos encontrar, poderemos seguir um princípio que nos pode ajudar: Escolher sempre uma linha cuja resistência seja o dobro do peso das espécies que esperamos capturar.



Continua...


Paulo karva

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Linhas de pesca - 2ª parte

Multifilamento

A linha de pesca trançada tem sido utilizada por pescadores profissionais e pescadores de alto mar nos últimos tempos e é fabricada a partir de fibra de polyester (Dacron). O peso específico desta fibra (Dracon) é mais elevada que a da água, absorvendo-a por isso, pelo que esta linha pode afundar. Em meados da década de 90, surgiu uma alternativa no mercado. Tratou-se de um novo tipo de fibra com o nome de Dyneema ou Spectra. O sucesso desta fibra sintética de Polyethylene, foi estrondoso.

Dyneema é uma fibra HMPE (High Modulus PolyEthylene/Alto Modulo polyethylene) feita a partir de UHMWPE(Ultra High Molecular Weight Polyethylene/ Ultra-alto peso molecular).

A teoria básica sobre a forma das fibras de Polyethylene já estava disponível nos anos trinta. Demorou quase meio século de alto desempenho para produzir as fibras de Polyethylene(HPPE)...

Em 1979, a DSM inventou e patenteou esta fibra e um processo de tecelagem de produzi-la, através do chamado gel de fiação. Este material é fabricado e comercializado a nível Mundial desde 1990:

- Pela DSM High Performance Fibers BV, ( na sua fábrica em Heerlen na Holanda) que é proprietária da patente e que produz Dyneema (utilizada pelas conhecidas marcas, Whiplash, FireLine, Herculine, etc.).

- Pela Honeywell Performance Fibers (dantes AlliedSignal, Inc.), quem tem uma licença de DSM para produzir com o mesmo material fibras de Spectra (utilizada pejas conhecidas marcas, PowerPro, SpiderLine, etc.).

- Pela companhia japonesa, Toyobo Co. LTD, que associada com a DSM e sob licença desta, produz também fibras de Dyneema para o mercado Asiático.

A produção de fibras Dyneema é pouco exigente para o meio ambiente já que necessita de pouca energia e não utiliza produtos químicos agressivos.

O produto final pode ser facilmente reciclado de forma que a poluição ambiental através dos produtos e processos utilizados é mínima.

A teoria básica sobre como produzir uma fibra super-forte como o PolyEthylene, através do processo de “gel-spinning”, é fácil de compreender.

O PolyEthylene, com um ultra-alto peso molecular (UHMWPE), é utilizado como material de base. Em condições normais, no Polyethylene as moléculas não são orientadas e são facilmente desfeitas.

Neste processo de “gel-spinning” as moléculas são dissolvidas num solvente e em seguida, a matéria daí resultante, passando por pequenos orifícios, é fiada através de uma fieira.

Sucessivamente, a solução fiada é solidificada pelo frio, que fixa uma estrutura molecular, que contém uma malha (filamentos) de muito baixa densidade da cadeia molecular.
Na solução as moléculas formam clusters no estado sólido resultando numa fibra com uma muito alta resistência.

Chamada de Dyneema, esta fibra já nossa conhecida, é caracterizada por ter uma estrutura cristalina de quase 100%, com as moléculas perfeitamente dispostas em paralelo, o que origina a sua alta resistência, e outras excelentes propriedades.

As suas principais características técnicas são:

Tabela das características técnicas da fibra Dyneema/Spectra




















Dyneema é pois uma fibra de Polyethylene ultra-resistente produzida através de um
processo de tecelagem patenteado como já foi referido. Esta fibra é especial e é até 15 vezes
mais resistente que o aço. Ela possui altíssima absorção de energia e elasticidade mínima.
Esta fibra flutua na água e é extremamente resistente à: abrasão, humidade, raios UV e produtos químicos.
As linhas trançadas Dyneema e Spectra são todas básicamente o mesmo filamentos de linha
com base de Polyethylene.




Esta linha flutua porque tem peso especifico de 0,97gr/cm³ enquanto a água tem 1,0 gr de peso. Há muitas linhas trançadas no mercado, e nós devemos de conhecê-las antes de as comprar. A maior parte das diferenças vêm da forma dos revestimentos, dos filamentos e das cores. A forma dos trançados é constituída por: 3, 4, 8 e 16 cabos/filamentos.

As marcas mais conhecidas, tais como PowerPro, Spiderwire, Fireline e a maioria das PE ( de PolyEthylene, designação que os japoneses atribuem a estas linhas) são trançados com 4 cabos/filamentos.

Cada cabo/filamento é composto de uma série de microfibras (entre 50 a +/-100) muito finas. As linhas trançadas, com 4 cabos/filamentos têm uma forma quadrada, mas com linhas finas, e a olho nu, parecem redondas.

Existem algumas linhas trançadas com 8 ou 16 finos cabos/filamentos que são usadas principalmente para jigging.

A qualidade de uma linha trançada está dependente de alta qualidade sobre o material de base, do número de filamentos, do processo de fusão, do trançado de precisão, bem como do posterior acabamento, já que graças à combinação de diferentes tipos de fibra num trançado, é possível a criação de características especificas individuais.

A incorporação de fibras leves ou mais pesadas ou até mesmo a inserção de um núcleo de chumbo (caso das linhas afundantes) gera diversos tipos de linhas com requisitos diferentes,
que como já se referiu são atribuídos pelas marcas na fase de acabamentos. O perfil da linha, oval ou redonda, está dependente do número de filamentos, com o qual a linha é trançada. Uma linha trançada com 3 cabos/filamentos (valor mínimo) será sempre mais económica.

As linhas de Multifilamento podem ser elaboradas através de dois processos, por Fusão ou Trançadas.

Fusão: As linhas fundidas são assim chamadas por serem feitas de vários filamentos colados e não trançados cobertos por uma camada de material de plástico, (capa) que faz com que tenham uma aparência lisa. São linhas geralmente um pouco mais rijas, devido ao seu revestimento espesso. A desvantagem destas linhas está na sua construção, já que se ao roçar num obstáculo e se romper o revestimento, as fibras por não serem trançadas são mais frágeis
à rotura.

Trançadas: As linhas trençadas modernas desenvolveram-se graças a uma tecnologia avançada. O Polyethylene depois de passado pelo processo de tecelagem é convertido numa estrutura cristalina específica. A orientação das estruturas das fibras é disposta num eixo longitudinal, criando uma resistência muito alta no mesmo eixo e este tratamento deixa a
linha muito flexível, suave e resistente aos agentes químicos e raios UV. O seguinte passo permite fundir as dezenas de micro fibras num único cabo/filamento, desenvolvendo assim a resistência mais alta possível.

Conforme as marcas, os acabamentos finais variam, desde a existência de uma capa protectora, passando pelo número de micro fibras usado até à forma do trançado.

Como resultado final temos a uma linha:

- 15 vezes mais resistente que o aço
- Incrivelmente fina comparando com sua resistência
- Com perfil arredondado e de característica suave
- Com escassa memória
- Com muito pouca elasticidade (de 3% a 7% contra o 25% a 30% do nylon)
- Maior resistência à tracção e à abrasão no respeito a um nylon do mesmo diâmetro
- Que permite um lançamento suave e muito mais longo
- Resistente a produtos químicos e raios UV
- Sensibilidade máxima (contacto directo com o peixe)
- Vida útil muito maior por não ressecar e não ter memória
- Resistência até 5 vezes maior para o mesmo diâmetro do monofilamento
- Superfície de ataque menor na água devido ao menor diâmetro

Diâmetro - uma característica subjetiva.

Muitos pescadores sentem-se inseguros – devido á forma como estão acostumados com o monofilamento - na medição do diâmetro de uma linha trançada fazendo-o por estimativa de acordo com a sua sensação.

Uma vez que o diâmetro do corpo da linha trançada, não se pode medir com precisão, devido ao facto de não ser redonda, o valor declarado nos rótulos não é assim exacto. Por isso, uma medição é apenas um cálculo possível. Por este motivo deve-se comprar uma linha trançada de acordo com a sua resistência á rotura em vez de, com um determinado diâmetro especifico que não pode ser provado.

Algumas situações em que o Monofilamento terá vantagem são por exemplo:

- Lançando amostras ultra ligeiras.
- Utilizando uma recuperação muito lenta com muitas pausas.
- Utilizando carretos que não fazem a recuperação em espirais cruzadas.
- Em pesqueiros de alta abrasão (zonas de pedras) com lances relativamente curtos.

Em termos de defeitos que possamos considerar, o mais evidente é a escassa resistência à abrasão. Outro defeito é a tolerância aos nós. O multifilamento por natureza escorrega e
isto é o pior que pode acontecer para a tolerância de um nó. Por esta razão deveremos ter em conta o número de voltas necessárias para os fazer, umas poucas voltas de diferença e o nó pode vir a dar problemas. Sobre o preço, um bom trançado dura muitíssimo mais que um nylon, e seu maior preço de compra é compensado pela sua longa longevidade

Por último uma chamada de atenção: Verifiquem sempre os primeiros 20 metros da linha na procura de alguns danos que possa ter. Caso encontre falhas, cortes, etc., deverá remover a linha. Após uma jornada de pesca, passar por água doce e armazenar a linha em um lugar seco. A linha terá um longo tempo de vida, se forem tomados os devidos cuidados.


Boas pescarias

Paulo karva