sexta-feira, 18 de julho de 2008

Dentição dos peixes e sua forma de atacar as iscas

Dentição dos peixes e sua forma de atacar as iscas

Depois de uma boa picada na qual o carreto nos presenteia com a sua música celestial em forma de longo zumbido, a adrenalina sobe rapidamente por todo o corpo e faz-nos sair disparados para as canas com um verdadeiro tremor de pernas e o coração acelerado. O mágico momento de ferrar o peixe e sentir sua luta chegou, compensando-nos das longas esperas e das menos boas pescas de anteriores jornadas.
Mas não esqueçamos o mais importante, para que tudo isto se realize é condição “sinequanon” que o peixe morda a isca e… nem todos o fazem de igual forma, por isso tentaremos dar uma visão de conjunto de como os peixes atacam a isca.

Em primeiro lugar os peixes, como todos os animais, condicionam a sua dentição ao regime alimentar que desfrutam. No caso dos tubarões e rayas podemos encontrar dois tipos de dentes:

- Cónicos ou pontiagudos, com uma primeira fileira para morder a suas presas e outras mais internas que vão avançando para o exterior e substituindo a primeira fileira de dentes que pouco a pouco se desgastam ou perdem. Podem apresentar picos auxiliares, ser erectos ou abatidos, com contornos em serra ou lisos.

- Em mosaico, sobretudo em rayas e cações, com várias fileiras de dentes funcionais que formam uma espécie de pavimento empedrado.

No caso dos peixes ósseos podem-se distinguir três tipos de dentes segundo seja sua posição na boca:

1. º - Mandibulares, situados no pré-maxilar e maxilar, na mandíbula superior e na dentadura inferior. Os dentes mandibulares, podem ser, por sua vez, de vários tipos: Cordiformes: São numerosos, finos e pontiagudos, dispostos em várias fileiras como no caso das merluzas, (Merluccius merluccius) peixe lagarto, etc. Caniniformes: Têm forma de caninos pontiagudos, destacam-se todos os peixes do género Dentex: Dentón, ( Dentex dentex) Parguetes, Cachucho, (Dentex macrophthalmus) etc. Incisivos: São dentes com os extremos cortados em bisel, como os dentes anteriores do Pargo (Pagrus pagrus). Molariformes: Aplanados, em forma de paralelepípedo e destinados a esmagar e moer crustáceos e conchas, como os da Douradas (Sparus aurata) e Pargos Sêmea (Pagrus Auriga).

2. º - Bucais, situados no tecto da cavidade bucal e palatino. Robalos (Dicentrarchus labrax) e Bailas (Dicentrarchus puntatus) apresentam este tipo de dentes.

3. º - Faringeos, situados nos arcos branquiais. Podem servir para raspar, rasgar ou moer. Carángidos como os chicharros reais, (Caranx rhonchus) palometas (Trachinotus ovatus) e peixes limão (Seriola dumerilii) apresentam-os.

Em segundo lugar cada peixe e devido precisamente ao tipo de dentição que apresenta, ataca nossas iscas de diferente forma:


Sorvendo: Há peixes que pela falta de dentes pontiagudos
ou de uma placa óssea que lhes facilite a captura de outros peixes, crustáceos e moluscos, utilizam como forma de capturar o alimento á superficie da água a absorção ou chupando pequenos e delicados bocados ou pegando em areia e lodo do fundo para depois a cuspir e reter o alimento. São peixes que por sua forma de comer têm uma
picada em acção de pesca, muito subtil.
O exemplo deste tipo de peixes é a lisa (Liza aurata).

Sugando: Os peixes que capturam o alimento sugando-o da
maneira que o faz um aspirador, costumam rondar os areais
e têm bocas desenhadas para tal fim. Desde o ponto de vista de pesca com anzol, esta forma de comer joga contra, pois faz que a grande maioria deles os engola. Exemplo destes peixes são os salmonetes (Mullus surmuletus) e peixes planos.

Emboscada: Os peixes que praticam a pesca de emboscada
estão providos de bocas muito grandes e geralmente valem-se
da imobilidade, do mimetismo ou do emprego de chamarizes para atrair a suas possíveis presas. Uma vez fixado o objectivo este é literalmente engolido a toda velocidade por suas bocas passando inteiros ao bucho, pelo que geralmente tendem a engolir o anzol e é raro ferrá-los pelo lábio. Exemplo deste tipo de peixes são, os rascassos,
(Scorpaena scrofa) aranhas, (Trachinus araneus) e depredadores
oportunistas como os safios (Conger conger).

Rompante: Grande parte das espécies predadoras, objectivo
cobiçado dos pescadores, comem "em marcha" não parando
sequer para saborear a isca. São peixes que se valem da
sua velocidade e de um furibundo e rapidíssimo ataque sobre a presa que lhes costuma levar a engolir a isca inteira ou a ferrar-se firmemente pelo lábio, para depois seguir seu caminho nadando rapidamente. Típico deste grupo de peixes é o dar um tremendo esticão da cana seguido de um continuo zumbir do carreto levando fio, que em certas ocasiões se traduz em ver nossa cana atirada sobre a areia
ou ainda pior, arrastada para o mar. Nesta tipología poderíamos
enquadrar a bailas, robalos, corvinas, (Argyrosomus regius), pargos,
anchovas,(Pomatomus saltatrix) etc.

Envolvendo: Esta forma de comer é exclusiva de rayas, e outras espécies da mesma familia. Estes animais deixam-se literalmente cair sobre a isca cobrindo-os com seu corpo, para posteriormente dirigí-los para sua boca que está em posição ínfra e em contacto com o fundo. Costumam dar um esticão na cana e ficar quietos até que começamos a recolher apresentando uma forte resistência favorecida pela forma do seu corpo e sua forma de nadar.

Trincando: Esta peculiar forma de comer é característica dos
sargos, (Diplodus sargus spp.) safias, (Diplodus vulgaris) e afins. Estes peixes costumam ser gregários e para evitar a concorrência com outros congéneres tomam a isca levando-lho rapidamente para um lugar isolado. Costuma traduzir-se em esticões secos na cana.

Beliscando: Os peixes de boca pequena ou os herbívoros costumam comer, dando pequenos beliscos aos bocados de isca. Salemas, (Sarpa salpa), bodiões, etc., poderiam enquadrar-se neste grupo.

Cuspindo: Deixámos para o final esta peculiar forma de tomar as
iscas, por ser a habitual de dois cobiçados espáridos a Dourada
e o Pargo Sêmea. Estes peixes costumam capturar os crustáceos e moluscos com concha, pelo que seu primeiro ataque vai encaminhado a morder e romper a dura carapaça de suas presas e as matar, para posteriormente as engolir, poderíamos dizer que sua forma de comer passa por três fases: morder-cuspir-engolir. Isto costuma-se traduzir nas nossas canas por uns ligeiros toques ao princípio seguidos de um “esticão” coincidente com
o momento em que tomam e arrancam com a isca.

Paulo karva

segunda-feira, 14 de julho de 2008

MAR SALGADO

"Um Nome..."














Paulo karva

Caranguejos de casca mole

Caranguejos de casca mole


Crustáceos caracterizados por não possuírem esqueleto interno, mas carapaça exterior protectora. Para crescerem os caranguejos têm que se livrar da carapaça antiga e permitir que a nova e maior ocupe o lugar desta. Enquanto a nova carapaça não solidifica os caranguejos ficam mais vulneráveis aos seus predadores.

Casca-mole é o termo utilizado pelos pescadores para designar várias subespécies de caranguejos que ao crescerem perdem a carapaça e a nova não solidifica.

Na fase do amolecimento que amolece, os caranguejos, atraem todo o tipo de peixes. De onde poderá vir tal atracção, quando estes caranguejos, quando com a casca dura, mesmo descascado, não são grande isco?

Como outros crustáceos, o caranguejos crescem por etapas e amolecem vária vezes ao ano. Este crescimento é comandado por um hormona e é a excreção desta na água, que revela e atrai os peixes para a presença dos caranguejos de casca mole.
Encontrar de dia, caranguejos de casca mole não é lá muito fácil. É necessário procurar nos seus locais de refúgio habituais : poças de água na maré baixa, por baixo das rochas, sondar debaixo de grandes quantidades de algas, prospecionar todos os canais e flancos dos pontões rochosos ou das margens dos estuários, etc..
Os caranguejos podem conservar-se, sobretudo sem ficarem muito apertados, na gaveta dos legumes do frigorifico, quer dentro de uma caixa de plástico com algas no fundo, quer dentro de um pedaço de sarrapilheira húmida.

Distribuição

Sendo das espécies mais comuns no nosso litoral, escolhi como exemplo o caranguejo verde (Carcinus maenas), foto acima, por forma a facilitar a apresentação que se segue.
Carcinus maenas é um caranguejo muito comum do nosso litoral, e é uma importante espécie invasora. Ele está listado entre as 100 piores espécies exóticas invasoras do mundo ".

C. maenas é conhecido por nomes diferentes em todo o mundo. Nas ilhas britânicas, é normalmente referido como caranguejo da costa. Na América do Norte e na África do Sul, tem o nome verde, caranguejo verde ou caranguejo europeu. Na Austrália e na Nova Zelândia, é referido quer como o caranguejo europeu ou caranguejo verde da costa.

As áreas azuis correspondem aos nativos. As vermelhas são as áreas das espécies introduzidas ou invasoras. Os pontos pretos representam unicamente avistamentos que não conduziram a invasão, e nas áreas verdes correspondem a potenciais espécies.

Ecologia

C. maenas podem viver em todos os tipos de zonas marinhas e estuarinas em habitats, com lama, areia, pedra ou substratos, vegetação aquática submersa e emergente, pântano, etc.,. C. maenas é euryhaline,(organismo que são capazes de se adaptar a uma vasta gama de salinidades) o que significa que eles podem tolerar uma ampla gama de salinidade (de 4 a 52 0/00) e sobreviver em temperaturas de 0 ° C a 30 º C . A vasta gama de salinidade permite aos C. maenas sobreviverem na menor das salinidades encontradas em estuários.

As fêmeas podem produzir um máximo de 185000 ovos e as larvas desenvolvem-se ao largo em várias etapas.

Os jovens caranguejos vivem em prados de algas marinhas, por exemplo, na foto ao lado, Posidonia oceanica, até atingirem idade adulta.

C. maenas são predadores e alimentam-se de muitos organismos, nomeadamente. moluscos bivalves (tais como amêijoas, mexilhões), anelídeos e pequenos crustáceos. Eles têm hábitos principalmente nocturnos, apesar da sua actividade também depender da maré, e poder ser activa, a qualquer momento do dia.

Iscar

Os caranguejos de casca mole, são para mim, um dos melhores iscos que se podem usar, o isco “milagroso” pois todos os peixes o apreciam.
Para preparar os caranguejos para iscar, remove-se a carapaça superior, bastando para isso retirar a placa protectora que tem no abdómen, usar o bico de uma faca no lado oposto aos olhos, na separação da carapaça com o abdómen ( é um local preciso com a forma de um V e ligeiramente côncavo) e fazer pressão para a carapaça sair. Iscam-se então com a carne branca e cheia de filamentos rijos que se encontram de cada lado do caranguejo, nas partes interiores que controlam as pernas, com ou sem estas.
Os caranguejos podem ser usados inteiros ou em partes, depende do tamanho do animal ou do anzol. Quando são utilizados inteiros, os caranguejos devem ser atados ao anzol por fio elástico para o segurar durante o lançamento. As patas e as tenazes podem ser usadas em separado. Quando utilizado em duas ou mais partes e depois de atados também, deverá acrescentar-se umas patas ou pinças para parecer mais natural, devendo ter sempre o cuidado de deixar o bico do anzol a descoberto. A iscada ao entrar na água, liberta os sucos e óleos, constituindo assim também um eficaz engodo.
Outras maneiras haverá de fazer uma boa iscada, deixando á imaginação de cada um a forma de o tentar.

Paulo karva

quarta-feira, 9 de julho de 2008

CANAS DE SURFCASTING

Canas de Surfcasting

Este artigo pretende abordar o processo de fabricação das canas de Surfcasting e como actuam os diferentes factores no comportamento final das mesmas.

TIPOS DE CARBONO

O material essencial na construção do blank de uma cana de surfcasting é o Carbono. Só há um tipo de carbono, o elemento químico que é conhecido por “C” sendo que o que nos interessa para este caso o seu tipo amorfo e cristalizado chamado “grafite”.

O carbono (grafite) pode-se dividir em dois tipos, segundo a sua estrutura:

Estrutura Hexagonal (alfa): camadas alinhadas

Estrutura Romboédrica (beta): camadas desalinhadas

O tipo de estrutura é que vai influenciar os diferentes tipos de “fibra de carbono”.

FIBRA DE CARBONO

A fibra de carbono é constituída por uns filamentos de grafite obtidos a partir da submissão das fibras de poliacrilato a um processo de termólisis (degradação térmica de um material para separação das suas impurezas), com que se obtêm um material sólido carbonoso.

O tecido da fibra de carbono consegue-se unindo estes filamentos de grafite sucessivamente, mediante a contribuição de resinas plásticas, como o epoxi, o polyester ou o viniléster, conseguindo uma lâmina de fibra de carbono. Ultimamente está-se a usar em conjunto com estas resinas microparticulas de titânio. Estes produtos não incrementam quase nada, o peso do tecido de grafite e melhoram as suas propriedades, como a sua resistência ou a sua elasticidade. São estes tecidos que são utilizados no fabrico dos blanks das canas.
O módulo de elasticidade de um carbono mede-se submetendo a este uma força de tracção, com a qual o material sofre um estiramento (alongamento) e vê reduzido o seu diâmetro. O valor que obtemos é o que se conhece como módulo de Young. A parte que nos interessa é o comportamento das fibras de carbono. Quanto maior for este módulo, significa que estamos perante fibras menos elásticas e que perderam em extensão, menor diâmetro de secção. Pelo contrário, quanto menor for o valor do modulo de um carbono, significa que o seu estiramento será maior em extensão e a perda de secção da fibra poderá fazer com que esta se parta mais facilmente.

Uma fibra de carbono de alto módulo, será um material mais cristalizado e com um maior índice de dureza e menor alongamento. Esta maior cristalização do carbono de alto módulo, fá-lo ser também mais frágil aos golpes como contrapartida para a realização das nossas varas. A vantagem que tem o seu uso é que permite por um lado que as canas tenham uma estrutura mais fina porque podemos utilizar fibras mais delgadas e menor quantidade de camadas de tecido, reduzindo drasticamente o peso da cana e por outro lado, permite-nos ter um material que não vai dobrar facilmente tendo que se efectuar algum esforço para obter o beneficio de uma grande resposta no lance. Como já podem calcular uma cana feita integralmente de carbono de muito alto módulo, mais parece um pau a lançar e não vai sentir a picada nenhuma.

Uma fibra de carbono de baixo módulo é um material mais macio, com um índice de dureza pequeno e um maior alongamento. É um material mais resistente aos golpes do que o de maior módulo. Ao tratar-se de uma material mais macio, a sua estrutura deverá ser mais grossa em virtude de ter maior quantidade de fibras já que se dobram e perdem diâmetro de secção facilmente. Este carbono aplicado nas nossas canas, proporciona canas mais macias, fáceis de lançar e que marcam muito bem a picada, dada a pouca resistência do material ao comprimir-se. As canas não seram muito potentes e as sua estrutura de fibras será mais grossa com o objectivo de não partir-se por falta de secção quando num grande esforço de extensão. Como devem calcular este carbono é muito bom para a elaboração de ponteiras híbridas.

Vamos falar agora sobre os tipos de fibras de carbono. Quando pensamos nos filamentos com os quais se realizam os tecidos, poderemos julgar que têm uma secção circular, como muitas vezes se poderem ver em gráficos, mas a fibra de carbono pode ter secções muito diferentes, segundo a estrutura do carbono seja, como já referimos, Alfa ou Beta.

Assim temos dois tipos de fibras basicamente.

1. - Fibras de secção circular, que por sua vez podem ter uma estrutura interna de disposição dos átomos do carbono radial, concêntrica.

2. - Fibras de secção em T

3. - Fibras de secção em X

As primeiras, as de secção circular são as que mais aguentam, segundo o módulo de carbono em que é foram realizadas, o alongamento e também têm uma boa maleabilidade.
Estas fibras usam-se geralmente isoladas, intercalando camadas de tecido realizadas com camadas de maior ou menor módulo, dependendo da acção que se procura.

As segundas são as que mais embandeiram quando se submetem á extensão, mas têm uma clara vantagem se observarmos a sua forma, não se dobram facilmente sobre o seu eixo. Usam-se sempre junto a outras fibras para tentar compensar a curvatura da cana.

As terceiras, têm uma boa resistência á tracção e bom comportamento na curvatura, não chegando ao nível das em forma de T.

Chegados a este ponto será fácil perceber certas designações que vêm nos materiais como XT ou X carbono, T qualquer coisa, Radial Carbono, etc.

MONTAGEM POR CAMADAS DE UM BLANK – O EFEITO DAS RESINAS

Uma vez que tenhamos os nossos tecidos de fibra de carbono e conhecemos as suas características, pesos, comportamento, resistência, elasticidade, etc. começaremos a incorporar camadas dos diferentes materiais, segundo o que queremos para a nossa cana, se mais ligeira, mais lançadora ou mais sensível. Para isso vai-se sobrepondo camadas para modelarmos a forma da nossa cana.
Uma cana incorporará maior ou menor variedade de carbonos, dependendo do que se queira.
Se queremos uma cana lançadora, que tenha uma boa capacidade de resposta, que seja leve e marque bem as picadas, teremos que ter maior variedade de carbonos na sua construção.
A estas camadas podem-se juntar outros materiais, como fios de kevlar ou titânio, por dentro ou por fora ou aros paralelos, para incrementar a resistência da cana aos esforços. Se uma cana os tem é um ponto a seu favor. Da mesma maneira se jogarmos com a posição os tecidos de carbono e se incorporarmos fibras de carbono de reforço em forma elipsóide ou helicoidal, também incrementamos a resistência.

Temos de entender que o que modelamos são secções da cana não toda a cana, porque as nossas canas são geralmente de secções sejam elas telescópicas ou de partes de encaixe.
Uma vez que tenhamos a secção bem moldada, temos que passá-la pelo forno para cozer o material e assim fazer com que as diferentes camadas se unam. A união das camadas faz-se mediante a fusão dos materiais plásticos que falamos anteriormente que são os epoxis o polyester e o vinil éster que colam as camadas umas ás outras fundindo a secção. Uma vez concluída esta parte passaremos ao remate das uniões e aos acabamentos.

Um blank poderá conter certa quantidade de resinas totais. Quanto maior for a quantidade de resinas totais que a parede da cana tenha, mais alteradas serão as propriedades do carbono, porque menor será a quantidade deste. Quanto maior for o módulo de um material menor o diâmetro de fibras que se podem aplicar, podendo assim utilizar menor quantidade de resinas que prejudicando menos o comportamento da cana.

FORMA

Como sabem as nossas canas têm entre 4 a 5 metros de comprimento. A razão da sua construção cónica é de poder dobrar sobre o seu próprio eixo. O arco efectuado pela cana será tanto mais acentuado e mais fácil de produzir quanto maior for a sua conicidade. Inversamente uma cana com uma baixa conicidade, será uma cana mais difícil de dobrar e por isso de lançar com ela e marcará menos as picadas.

As canas de acção de repartição, têm uma grande conicidade e as canas de acção de ponta, possuem uma conicidade menos acentuada. As canas de repartição, jogam com a conicidade, com os módulos de carbono e a grossura das paredes, para obter uma cana que se dobra com certa facilidade, que acumula todo o seu poder na parte de baixo com uma parede bastante grossa e com uma ponta bastante elástica e flexível, que marca bem as picadas.
As canas de acção de ponta, jogam com uma escassa conicidade e com carbonos de muito alto módulo, para fazer com que a sua compressão seja rápida e seu arco menos vincado.

A ACÇÃO DAS CANAS

Vamos dividi-las em quatro tipos, dando uma explicação simples.

Acção de ponta: canas potentes, duras, requerem lances rápidos e têm ponteiras pouco sensíveis. Actualmente, as ponteiras destas canas tendem a surgir numa forma híbrida para detectar os toques e aguentar as montagens em condições de mar bravo. Requerem uma força grande física, e conhecimentos técnicos de lançamento, para se poder tirar o máximo partido delas. Não são canas para o grande público.

Acção Semiparabólica: Cana ideal para pescadores não “dotados” para os lançamentos, já que permite pescar a muita boas distâncias e têm uma boa detecção dos toques. È uma cana mais agradável de lançar, já que descreve um maior arco, não sendo necessário muita rapidez e técnica de lançamento.

Acção Parabólica: Cana fraca para lançamentos longos e de fraca potência. O seu blank dobra-se quase totalmente com bastante facilidade. Têm uma grande conicidade e são muito sensíveis aos toques, dando mais gozo na hora das capturas.

Acção de Repartição: Canas muito potentes e robustas. Permitem grandes lançamentos e detectam muito bem os toques. São canas muito exigentes em técnicas de lançamento, em força, não sendo necessário lançar muito rápido com elas.

PASSADORES E TIPOS DE PASSADORES

A influência dos passadores numa cana é um aspecto muito importante.
O comportamento de uma cana não é só dado pelo pela construção do blank, é muito importante o número de passadores que esta tenha e a sua colocação.

Em geral uma cana com os passadores colocados bem acima ou com um único passador na parte do meio, estará pensada para que dobre com maior facilidade a sua ponteira (acção de ponteira). Uma cana com a disposição dos passadores mais perto do porta carretos, ou com dois passadores na parte do meio, estará pensada para ter um arco maior (repartição, semi parabólicas rígidas).
Quando falamos em passadores surge um nome, FUJI, que é o expoente máximo em tecnologia da sua construção e montagem.

Boas pescas.

Paulo karva

Nota: Este artigo, de minha Autoria, foi publicado no primeiro número da revista " O Pescador"

"ARDENTIA"

“ARDENTIA”

Noctiluca miliaris = Noctiluca scintillans.

Noctiluciphyceae
Classificação científica

Reino: Protista
Filo: Myzozoa
Subfilo: Dinozoa
Infrafilo: Dinoflagellata
Classe: Noctiluciphyceae
Ordem: Noctilucales (Haeckel 1894)

Característica: Bioluminescência

Bioluminescência [(do grego "bios" (vida) e do latim "lumen" (luz)] é a produção e emissão de luz fria por um organismo vivo, como resultado de uma reacção química durante a qual a energia química é transformada em energia luminosa.
Essa reacção ocorre quando o substrato, genericamente denominado luciferina, é oxidada por uma enzima, chamada de luciferase. A molécula de luciferina, quando excitada energéticamente, liberta esse energia química sob a forma de energia luminosa.


Espécie: Noctiluca.

Tamanho: 0.5 to 1.0 mm, up to 3.0 mm.

Reprodução: Assexuada, formam células filhas.

Dieta: Alimentam-se de fitoplâncton e zooplâncton.

Hábitos, estruturas físicas e sociais: A Noctiluca é um dinoflagelado marinho, [(Dinoflagellata - do grego "dinos" – rodopiante) - (flagelos, apêndices locomotores, tipo “pêlos”, que batem no líquido circundante com um movimento geralmente helicoidal.)], um minúsculo microorganismo de forma esférica (medido em micrómetros ou milímetros), coberto de pele espessa, com uma bolsa oral, um flagelo, um dente, e um tentáculo.
Alimenta-se de microorganismos, que fazem parte do fitoplâncton e do zooplâncton, como as algas diatomáceas e ingere a comida pela utilização de um orifício bucal,. As Noctilucas estão imóveis, devido ao flagelo por si só ser incapaz de impulsionar seu corpo através da água: o movimento só é encontrado em rotação da posição vertical por meio de controle de flutuabilidade na célula.


Características Físicas: As Noctilucas : São dinoflagelados unicelulares que podem atingir o tamanho de 1mm. A noctiluca não faz fotossíntese. Actualmente são considerados simplesmente "protistas", (grupo diferenciado das plantas e dos animais).. A característica mais marcante da noctiluca é a sua capacidade de produzir luminescência. A noctiluca produz pequenos flashes de luz através do estímulo produzido pela circulação da água, o que explica porque a noctiluca brilha apenas quando a água é agitada. Uma noctiluca pode não produzir uma luz suficiente para ser percebida pelo aparelho óptico humano no entanto como vivem em grupos de compactas massas, que é responsável pelas cores rosa ou vermelho - mesmo verde ou azul - vistas no mar, especialmente em zona de rebentação. Embora não seja o único dinoflagelado bioluminescente (aproximadamente 2% dos dinoflagelados o são), a noctiluca é, de longe, a mais conhecida. A luminosidade é provocada por uma reacção química. A enzima luciferase catalisa a reacção entre o oxigénio e uma substância chamada luciferina, libertando energia luminosa. Em condições idóneas podem reproduzir-se de forma explosiva, passando de umas poucas células de noctiluca por litro de água de mar a milhões e milhões em cada litro de água de mar. É o que se chama de "Bloom".


Histórias da “Ardentia”

Normalmente o gatilho para a emissão de luz é um estímulo mecânico, como o contacto ou a agitação da água ao seu redor. Para entender por que a noctiluca brilha, podemos compará-la a um carro com alarme. As Noctilucas são predadas por animais que se alimentam de fitoplâncton, como por exemplo, os copépodos (crustáceos de tamanho muito pequeno que fazem parte do zooplâncton). Quando um copépodo (o ladrão) avança sobre uma noctiluca (o carro), a luz ascende (o alarme dispara), o que atrai a atenção de pequenos peixes (os policiais) que se alimentam dos copépodos que estão mais visíveis no ambiente iluminado. Dessa forma, as noctilucas são capazes de diminuir o efeito de predação existente sobre elas.
A noctiluca é um microorganismo muito apreciado e como tal comido pelos camarões. O seu espectáculo de luz não passa despercebido ao predador dos camarões: os chocos.
O mecanismo de defesa do noctiluca começa então a fazer sentido, o choco não consegue encontrar o camarão na escuridão total, o camarão está a salvo se se mantiver imóvel, mesmo com as pupilas dilatadas o choco não consegue ver nada, mas, se o camarão se mexer, o noctiluca brilha e ilumina-o fazendo com que o choco já o veja.
A noctiluca denúncia a presença do camarão, atraindo o choco com os seus raios florescentes, protegendo-se assim do camarão.
O choco, ao caçar o camarão, é aliado do noctiluca. É o jogo do rato e do gato, e o camarão não tem qualquer hipótese: se permanecer imóvel não pode comer a noctiluca e, se se mexer, um rasto brilhante atrai o choco. Para o camarão, caçar a noctiluca constitui um desafio arriscado; o choco ganha uma refeição, mas o verdadeiro vencedor é a noctiluca. Cada camarão eliminado torna a vida mais segura para o minúsculo organismo. O alarme contra ladrões da noctiluca salva-lhe a vida.


Paulo karva